O garoto em destaque na foto acima se chama Glaydson, essa é uma das poucas fotos que eu tenho com ele (eu sou esse outro de braços cruzados, logo atrás). Foto antiga, tirada em 2000. Nesse dia, eu, Glaydson e uma turma fomos passar o fim de semana na fazenda da mãe do “bia”(Edson). O primeiro morro que eu escalei na vida foi no ano de 1998 e até hoje foi inesquecível, na escalada passamos por 400 metros de terreno bastante inclinados e dois paredões na vertical, o detalhe dessa escala foi que fizemos ela sem equipamentos de alpinismo, passamos por situações de risco isso é verdade, mais não saiu da memória o que eu, Beto e Glaydson passamos. Na escalada, eu seguro em uma pedra que se solta e atingiu o Glaydson de raspão, isso a uns 200 metros de altura, foi por pouco. A vista no topo não tem como descrever, depois de uma meia hora resolvemos descer, fomos até uma banho próximo onde havia um barzinho, estávamos eu e Beto tomando uma coca-cola com misto quando escutamos o barulho de um copo de vidro se quebrando no chão. Quando olhamos no meio de várias pessoas, vimos o Glaydson com o pé todo ensangüentado, um caco de vidro foi de encontro ao seu pé e cortou a sua veia, Glaydson, entre tantas pessoas que estavam lá, foi o único que se cortou (impressionante). Ele perdeu muito sangue, mais foi levado a um hospital e tudo ficou bem. O ano agora é 1999, e já alguns anos eu e vários amigos fazemos trilhas de bike, em uma dessas trilhas realizada no estado do Tocantins o Glaydson participou. No início foi tudo tranqüilo, andando em terra de chão, poeira, lama, sol...foi quando o meu amigo Beto, que também estava nessa trilha, gritou la atrás:
-Ei, parem ai!!!
Paramos as bikes, Beto nos acompanha e fala que outro amigo nosso mais atrás também pediu para parar. Ficamos parados na beira da estrada um certo tempo, sempre na indecisão de voltarmos ou esperarmos. Mais como nos pediram pra para e não voltar ficamos parados. Foi quando o Bia chegou e disse:
- Porra vocês são foda.
- o que aconteceu?
- o Glaydson caiu da bike e quebrou a clavícula.
- Puta que pariu!!!
Mais o Bia já tinha levado o Glaydson até o porto da balsa, que atravessava o rio Tocantins para chegar ao Maranhão, e um de nossos amigos voltou com ele em direção ao hospital. Terminava ali a trilha do Glaydson. Anos depois, acontecia um carnaval na cidade de Imperatriz-MA e Glaydson foi participar da festa, comprou seu abada, pegou sua moto quase sem gasolina e se dirigiu a avenida beira-rio, local onde acontece o carnaval nessa cidade. Chegando ao local, Glaydson percebe que sua moto não tem mais gasolina para chegar até um posto, ele resolve então procurar algum conhecido que tenha moto ou carro para ir até um posto de gasolina mais próximo pra colocar em sua moto. Ele consegue, encontra um amigo que está de carro e os dois vão juntos a um posto de gasolina que fica perto da Praça Mané Garrincha, ao lado do estádio Frei Epifânio. Gasolina comprada, o carro é ligado e saem em direção ao carnaval, na primeira esquina, eles são fechados por um carro que bloqueia sua passagem pela rua, nessa hora ouvi-se uma fritada de pneus muito forte. Todos que estavam na praça olham sair de dentro do carro que bloqueou a passagem do outro, um homem com uma arma na mão. Ele vai em direção ao amigo do Glaydson e dar um tiro em seu peito, Glaydson entra em pânico e sai do carro rapidamente e começa a correr, o homem coloca seu braço com arma em punho sobra o carro e dar um tiro fatal na cabeça do Glaydson que cai no chão agonizando. O homem retorna a seu carro e sai em disparada, A população local chama uma ambulância e Glaydson ainda fica vivo durante algumas horas em uma sala de UTI, antes de amanhecer o dia, Glaydson estar morto. Agente conhece muitas pessoas nessa vida, e dessas, eu só vi o Glaydson fazendo mal a alguém uma única vez, quando ele me massacrava no vídeo game jogando Mortal Combate, ele trabalhava ensinando informática em uma escola no bairro que morava, juntou dinheiro comprou sua moto e ajudava em casa nas despesas. Participava da uma Igreja pequena na cidade de Imperatriz e ajudava na comunidade através de trabalhos voluntários que envolvia computação, não sei por que ele sempre estava no lugar errado e na hora errada. O mundo estaria um pouco melhor se ele estivesse ainda aqui entre nós fisicamente. Não quer dizer que a frase é verdadeira, mais toda vez que eu me lembro desse cara, me vem a cabeça uma frase do Renato Russo: “É tão estranho, os bons morrem jovens”.
Mundo cruel...
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