domingo, 19 de dezembro de 2010

Sobrenatural 2


“Você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu...”

(Jesus cristo)


Esse trecho pode ser lido no livro de Mateus, o apóstolo ex-cobrador de impostos, está no capítulo 16, versículo 18 e 19. Desde então, essa Igreja começa a atrair adeptos e se espalhar por toda a região da Judéia. E o que aconteceu? A Igreja cresceu, cresceu e cresceu mais ainda, e como tudo que faz sucesso acaba fragmentando, com a Igreja não foi diferente. A história nos mostra grandes separações depois que um determinado grupo cresceu, os Beatles acabaram em 1970, Lennon levou um tiro na cabeça em 1980, George Harrison morreu de câncer em 2001 e McCartney e Starr continuam ativos, o Pink Floyd, RPM, Guns entre outras bandas tambem fragmentaram depois de chegaram no ápice do sucesso, até o Flamengo, originou-se de jogadores do Fluminense que sairam do flu para formar o time de maior torcida do Brasil hoje. O nome Cristo deu origem ao que se chama de Cristianismo que, no século XI foi dividido em Catolicismo e Ortodoxia Oriental, mais tarde no século XIV surge o Protestantismo a partir do Catolicismo. Hoje em dia temos então 3 tipos de Igrejas que possuem diferentes dogmas e arquitetura que caracteriza cada uma delas. Entre elas, eu gosto muito das igrejas de arquitetura gótica da idade média. Aqui no Brasil temos um tipo de igreja que lembra muito a arquitetura gótica encontrada na Europa, as igrejas que possuem a arte do glorioso Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como aleijadinho, essa foto acima foi tirada dentro de uma das várias igrejas barrocas de Minas Gerais onde se pode encontrar parte da sua obra, mais a história que eu vou contar não aconteceu em Minas, e nem dentro de uma Igreja barroca ou gótica. Eu tenho um amigo que estudei meu ensino médio com ele e hoje em dia ele trabalha como segurança, hoje eu o encontrei no pátio da Igreja de Cristo Salvador na cidade de Imperatriz e ficamos conversando sobre alguns assuntos. Até que eu perguntei:


- Walker, e tu fazendo segurança aqui nessa Igreja, tu nunca viste nenhuma assombração?
- Cara, se eu te contar tu nem vai acreditar. Aconteceu comigo e com um amigo meu, em dias diferentes.


Um colega de Walker começa então a lavar um banheiro do pátio da Igreja, a Igreja vista de cima tem formato de uma cruz e possui um pátio ao lado com várias salas onde funciona a catequese. A Missa termina e todas as famílias e bons cristãos seguem para suas casas, assistir o fantástico ou o Silvio Santos com aquele riso franco e puro para um filme de terror. O Segurança então fecha todos os portões que dão acesso ao pátio e a entrada da Igreja, estava uma noite tranqüila, noite de lua cheia. O céu sem nuvens e sem vento, calmaria e silêncio, o único som que rompe o silêncio é uma vassoura que esfrega o chão do banheiro com sabão em pó, hora a água do balde toca na cerâmica suja hora ele bate no canto do banheiro com a vassoura ensaboada e nessa hora ele escuta o risos de duas crianças brincando no pátio.
“Que merda, quem foi que deixou essas meninas ainda ai fora?” foi o que o segurança pensou, largando os equipamentos de limpeza ele olha para o pátio e ver as duas meninas correndo, sorrindo e olhando para trás, como se estivesse querendo brincar de esconde-esconde.


- ei vocês ai?


As meninas correm, atravessam o pátio e entram atrás de umas salas da catequese, num local que parece um corredor largo que fica entre as salas e a Igreja, ao final desse corredor existe uma sala chamada de sacristia, que é onde o padre se concentrar para organizar a missa. O segurança então caminha em direção a esse corredor já com raiva a passos largos, as mãos ensaboadas e um pouco suadas, ao virar as salas ele se depara com o corredor vazio e escuro, mais claro o bastante para enxergar as linhas que a lajota formava no chão até a porta da sala da sacristia fechada. Do seu lado esquerdo as paredes das salas de aula e do seu lado direito erguia-se as paredes da Igreja de Cristo Salvador, no fundo a porta da sacristia que ele mesmo há algumas horas havia trancado e que agora continuava trancada. Ele olha para o seu lado direito e depois para o esquerdo e tudo estava escuro e em silêncio, todos os portões estavam trancados, é 1h da madrugada e um calafrio é sentido na sua espinha. O segurança está sozinho, e aquele silêncio ensurdecedor o faz tremer. O segurança estava sozinho, para onde foram aquelas crianças de cabelos claros e sorriso farto? O segurança não teve coragem de terminar a limpeza do banheiro, foi direto para o seu quarto que ficava do outro lado da Igreja e deitou na cama, apenas deitou, com os olhos abertos e sua arma do peito e torcendo pelo amanhecer.


- Caramba.
- Emílio, essas coisas agente so acredita se acontece conosco, quando ele me contou isso eu nem liguei, até que aconteceu uma coisa sinistra comigo aqui nesse mesmo pátio.
- O que foi?


Bem essa história eu conto outro dia.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Cobras são malvadas?


Um conversa que tive com Adryelle Meneses essa semana, me fez escrever sobre répteis agora, Adryelle estuda música em Minas Gerais e no meio da conversa sobre animais de estimação ela fala que as cobras são “malvadas e feias”, nessa hora eu percebi que a Adryelle e a maioria das pessoas pensam a mesma coisa sobre quem estuda cobras. Nessa hora tentei defende-las e Adryelle no final fala:


- Poxa, ele defende as cobras, tinha que ser biólogo mesmo. Por que alguém estudaria cobras?


Realmente, para a maior parte das pessoas é meio sem sentido entra no meio dos matos procurando cobras ou lagartos, ou então vascular baldes enterrados no chão na expectativa de ter algum lagarto, cobra ou outro animal dentro do balde. Existe ainda um grupo de répteis menos conhecido ainda, chamados de anfisbênios, que a população em geral chama de cobra-de-duas-cabeças e tem os outros répteis mais conhecidos como os jacarés, tartarugas e jabutis. Na cabeça da maioria das pessoas, quando nos deparamos diante de uma cobra só podem ocorrer duas idéias:


- UMA COBRA, COOOOOOOORRE!
Ou então:
- UMA COBRA, MAAAAATA, MATA!


Mais então, qual o sentido de se estudar cobras? Ou os répteis em geral?


Grande parte dos répteis são predadores, muitas vezes de topo de cadeia. O que é isso? Animais que não são predados por outros, são os caras no seu território, os chefões, os que ninguém tem coragem de encarar. Os jacarés (que aqui no Brasil tem 6 espécies), o matamatá e boa parte das serpentes são bons exemplos. A maioria dos lagartos, anfisbênios, tartarugas e algumas cobras são consumidores secundários, ou seja, se alimentam de artrópodes, principalmente insetos. Alguém gosta de insetos? E na hora de dormi, alguém gosta de deles? Existem ainda os que comem vegetais e são chamados de herbívoras como as iguanas e as tartarugas, há também os lagartos que consomem frutos e com isso eles acabem levando as sementes para diferentes regiões do ambiente ajudando assim, as plantas se dispersarem. Então os répteis acabam desempenhando uma importância ecológica muito grande, por que acaba fazendo parte de uma teia alimentar em qualquer ecossistema, controlando assim, populações de ratos e insetos por exemplo.”E quem liga pra importância ecológica? Porra de ecossistema, que se dane a mãe natureza! Se eu tivesse uma grande propriedade eu iria era plantar soja ou eucalipto!Eu não to nem ai pra porra de consciência ecológica!” tudo bem, eu sei que só ambientalistas e biólogos de campo gostam dessa justificativa, então eu vou tentar outra, certo?


- qual o sentido de se estudar cobras? “Elas são malvadas e feias”.


Já que a importância ecológica não tem muito importância pra maioria das pessoas, vou falar de dinheiro, acho que a maioria gosta disso. Algumas espécies de cobras produzem veneno, aqui no Brasil temos: as cascavéis (Crotalus sp.), Jararacas (Bothrops sp.), surucucus (Lachesis sp.) e as corais. O veneno de uma espécie de Jararaca (Bothrops jararaca) deu origem aos anti-hipertensivos captopril e evasin. A multinacional Squibb detém a patente do captopril e fatura 5 bilhões de dólares por ano (Eu acho que é mais lucrativo que uma plantação de soja ou eucalipto). O Evasin, foi recentemente patenteada por pesquisadores do Instituto Butantan de São Paulo. Um pesquisador em 2004 descobriu uma proteína encontrada no veneno da cascavel, chamada enpak (endogenous pain killer). Essa proteína tem um efeito que pode vir a ser 600 vezes mais poderosa que a morfina (será quanto vai ser os lucros?). Então, quando você, que está lendo esse texto, estiver sofrendo de hiper-tensão, saiba que foi graças ao estudo de cobras que você ira conseguir comprar um medicamento em uma farmácia. Foi graças ao estudo de cobras que os hipertensos de sua família estão sobrevivendo hoje. “eu não tenho hipertensos na minha família!” se algum dia tiver, já tem medicamentos para isso, não se preocupe. Enquanto isso, um laboratório em algum lugar, existe um pesquisador de jaleco com a cara em um microscópio ou numa lupa, ele estar com as costas doendo, pois passa o dia inteiro sentado naquela posição. No meio da tarde, ele se levanta e come alguns biscoitos com café, em certos dias tem a companhia agradável de colegas de laboratório mais em outros, ele fica lá, sozinho. Agrupando dados em uma tabela de computador, fazendo e refazendo misturas e soluções, lendo artigos científicos em inglês, testando reagentes e analisando produtos em reações químicas para no final do dia, já com a vista cansada, as pernas inchadas e a coluna doendo, desligar todos os aparelhos, apaga as luzes e vai para uma parada de ônibus esperar sua condução para casa. Esse cara está procurando um novo captopril, evasin ou enpak quem sabe? Ele só sabe que seu esforço vai lhe dar um título de mestre ou doutor, e os que detém as patentes de medicamentos estraídos de venenos de cobras faturam 5 bilhões de dólares por ano. O esforço que se fez para encontrar o captopril, resultou em milhões de pessoas salvas em várias partes do mundo, empregos foram gerados na indústria farmacêutica, um grupo de pessoas fica 5 bilhões de dólares mais rico por ano. Graças ao estudo de cobras, muita gente esta se dando bem. A maioria das pessoas não consegue ver realmente a importância de estudar cobras, e isso é absolutamente normal, mais espero que com esse texto, pelo menos você que está lendo, tenha melhorado sua opinião a respeito dos “caras” que entram na mata de botas procurando as cobras e os que ficam no laboratório estudando o que tem na sua saliva.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Conversas de Bar - A 7º arte


Quarta-feira dia 01 de Dezembro de 2010, eu pensei em devolver o filme Bastardos Inglórios do diretor Quentin Tarantino que eu tinha pedido emprestado do meu amigo de infância Jairo. Antes de ir a sua casa eu ligo para o seu celular:


-Alô? Jairo?
- Oi?
- Tu ta em casa?
- Tô indo la no Claudeci ouvir um som. Por quê?
- Eu ia passar ai pra te devolver o Filme.
- Leva la no Claudeci.
- Beleza.


Nesse momento, me abateu uma preguiça desgraçada, então eu desisti de ir e resolvi entregar aquele filme outro dia, foi quando eu recebo uma mensagem de celular: “vamo curti um white stripes?” eu pensei nessa hora, repensei e mandei uma mensagem de volta: “me deu uma preguiça desgraçada”. Pouco depois, Jairo me manda outra mensagem: “vem aqui pô, quero falar contigo”. Eu finalmente descido ir, pego minha Motocicleta possante “Biz” que desde a primeira vez que eu montei sobre ela, chamo-a carinhosamente de Lurdinha. Partimos eu e Lurdinha ao Bar do Claudeci, chegando la, estava a criatura magra, fumante e careca chamado Jairo, com um copo de cerveja na mão. Eu me aproximo e sento em uma cadeira da mesa:


- Esse filme é bacana.
- Tu é doido, massa de mais.
- Mais as cenas que eu mais gostei dele, não são as cenas que todo mundo comenta, eu gostei mais dos interrogatórios do caçador de judeus.
- Massa.
- Porra, naquela hora que o caçador de judeus senta com a aquela judia que escapou do massacre do começo do filme? Quando ele pede leite pra ela. Carralho, aquilo ali já valeu o filme.
- Tarantino é o mestre.
- Rapaz, tem uns caras que são muito aclamados mais eu tenho la meu descontentamento. Caras como o Tarantino fazem bons filmes, mais passa muito tempo entre um filme e outro, tem gente que produz em menos tempo e tem qualidade como por exemplo o Matt Damon.
- Rapaz, o Tarantino fica muito tempo assim sem fazer filme por que ele quer, aquele bicho é doido.
- E tem outra, ele pode fazer qualquer filme que ninguém analisa realmente o filme, vai dizer que gosta, por que foi o “Tarantiiiiiiiiiino”, o filme pode ser uma merda, mais como foi o “Tarantiiiiiiiino” que fez, a galera vai dizer: pô o filme é muito massa! Tem caras que fazem filmes muito bom e que ninguém diz nada. O cara não tem nome.
- Isso aconteceu com o Coppola, quando foram gravar O poderoso Chefão, já tinham o roteiro, mais não tinha ninguém pra dirigir o filme, até que falaram que tinha um cara ai, que era o Coppola. Rapaz, e na hora de selecionar o elenco? ele começou a escolher os atores e na época o Marlon Brando era o maior ator das galáxias, e o Coppola falou: “vai ter que fazer um teste”, o Marlon Brando ficou assim, que porra é essa? Quem é esse Francis Coppola? Sei que ele acabou fazendo o teste e passou. Meu amigo, ai depois que foi lançado pronto...o melhor filme de todos os tempos.


O poderoso Chefão, filme lançado em 1972 e dirigido por Francis Coppola. Venceu os Oscar de Melhor filme, melhor ator (Marlon Brando) e melhor roteiro. Alem de ganhar na premiação do Globo de Ouro como melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor trilha sonora e melhor roteiro. O poderoso chefão teve muitas premiações, mais talvez a maior delas não veio através de estatuetas, mais sim o que todos dizem ser o mais difícil para um diretor: o filme supera a popularidade do livro. E no poderoso chefão acontece isso. Outra coisa bem marcante do Poderoso Chefão é que dos três filmes, O Poderoso Chefão 1 e 2 ganharam o Oscar de melhor filme, o terceiro filme recebeu a indicação mais perdeu para o filme Dança com Lobos. Alem da trilogia do poderoso chefão, somente O Senhor dos Anéis conseguiu esse feito, dois dos três filmes da trilogia ganhar o Oscar de melhor filme.


- Rapaz, agora tu imagina, no primeiro filme do cara, ele já faz o melhor filme de todos os tempos, pronto! Já pode morrer. E o que acontece anos depois? Ele dirige o filme Apocalypse Now! Ai pronto, fudeu tudo.


Apesar de todo o estardalhaço causado pela trilogia do poderoso chefão e Apocalypse Now, eu ainda considero o Drácula de Bram Stocker o filme feito por ele que mais me chamou atenção. A conversa prosseguiu até chegarem, Natália (namorada do Jairo) Yuri e Renam, e a 7º arte continuou em pauta por algumas horas, até que eu levantei com fome e foi tomar um guaraná da Amazônia em um lanche perto de casa, no outro dia, as 7:15 da manha eu teria que dar aula de Física, as leis de Newton especificamente.

sábado, 27 de novembro de 2010

Alunos Revoltados


“- Professor, o que é se masturbar?”
Uma aluna minha de 12 anos me fez essa pergunta essa semana, perguntas como essa e outras parecidas é muito comum para quem trabalha a matéria de Ciências na 7º série (8 ano) do Ensino Fundamental. Como responder? Ou melhor, como ser um bom professor? Muitos seguimentos da sociedade debate isso há muito tempo, acho que ao invés de procurar uma fórmula de como ser um bom professor, seria mais interessante o que fazer para não ser um “péssimo professor”. A meu pedido, alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma das escolas que eu ministro aula elaboraram uma redação.
- Professor, é pra fazer uma redação sobre o que?
- Turma, escrevam quem são os seus melhores e os piores professores, e quais os motivos que levaram vocês chegarem as suas conclusões a respeito deles.
Se alguém não sabe o que fazer para ser um bom professor, acho que depois de ler o que esses alunos escreveram, da pra se ter uma idéia do que não fazer, para não ser considerado entre os piores professores.

“Ela tem um problema muito grande, passa um capítulo inteiro só de atividade, será que ela pensa que os outros professores não passam tarefa?”

“Só sabe falar da vida dela, será que ela não se toca que ninguém quer saber se falta ou não água na casa dela?”

“Nenhum professor pode fazer isso, ficar chamando os alunos de burros. O seu papel é ensinar e não ficar falando que somos burros.”

“Quando chega à sala só passa atividade”

“É muito ignorante”

“Começa a explicar de um jeito e termina explicando de outro que eu não consigo entender”

“Tem que mudar o jeito de se vestir, por que ela vem com umas camisas que não é brincadeira, em vez dos alunos prestarem atenção na aula, prestam atenção é na professora.”

“Faz confusão por assuntos mínimos”

“Ensina o assunto de uma forma que da vontade de dormi.”

“Não domina o assunto”

“Não consegue por ordem nos alunos”

“Falta um pouco mais de paciência com os alunos e às vezes tem que usar mais a educação.”

“Seus atos são muitos indisciplinares para uma professora que vem de favoráveis cursos e mestrados ao vir em roupas inadequadas e sua atitude de falar aos alunos com vaias, ou seja, ato que manda os alunos gritarem com os outros.”

“Uma pessoa bruta.”

“Não gosto dela por que ela fala mal do 1º ano para as outras turmas, se um aluno não sabe responder o que ela pergunta, ela sai falando mal desse aluno nas outras salas.”

“Chega à sala e não faz nada, só manda elaborar questões de cada capítulo, isso é chato.”

“Chegam à sala mal humorados e parece que estão sempre zangados, se eu tenho alguma dúvida em nem pergunto.”

“Não sabe explicar, só sabe é brigar com os alunos, coloca várias regras bestas nas suas aulas.”

“Fala muito baixo”

“Responde mal aos alunos e ainda manda as pessoas vaiarem quem respondeu mal”

“Muitas vezes eu volto para casa com tantas dúvidas...”

A receita de um bom professor muitos já deram, e essa receita nunca vai ficar pronta, pois já estaria na grade curricular de todos os cursos de licenciatura. Agora a receita de como se tornar um péssimo professor foi feita por alunos do 1º ano de uma escola pública do Ensino Médio, resta agora um professor ou um candidato a professor evitar os ingrendientes da receita acima.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Hospital dos Horroris


Não pode ficar pior do que já estar, certo? Acho que todas as pessoas do mundo já pensaram nisso algum dia na vida. Certa tarde eu estava em quarto de albergue em uma cidadezinha no meio da Patagônia, estava no final da tarde e o quarto começa a ficar mais frio, Mayra estava dentro do banheiro tomando banho e Rafael Lindoso estava lendo alguma coisa sobre Dinossauros. Ronny e Flavinha, jogavam ping-pong com alguns argentinos em uma sala do albergue separada para recreação. “esse quarto ta frio pra caramba, essa porra desse aquecedor não esta esquentando nada” eu pensei. Levanto-me da cama e vou até o aquecedor, ponho a mão nele e percebo que quase não esquentava. Vou falar com alguém do albergue pra ver isso. Chego à recepção e informo sobre o problema e a recepcionista chamada Guadalupe, que liga pra alguém pra da uma olhada no aquecedor do nosso quarto. Eu resolvo então sentar na frente de um dos computadores com acesso a internet que o albergue disponibilizava para os alberguistas. Os computadores ficavam em um corredor entre um terraço e uma sala, e todas as vezes que alguma pessoa passava para o terraço ou para a sala, abria uma porta que sempre entrava um vento muito frio, eu de short e camisa, sentia minhas canelas ficarem geladas, mais um determinado momento eu começo a sentir um mal estar no corpo, “não pode ficar pior do que já estar, certo?” foi o que eu pensei. Só pra se ter uma idéia do por que eu pensei nisso, basta informar que eu tinha sacado todo o meu dinheiro em Buenos Aires e colocado na minha carteira, sendo que depois de uma viagem de metrô eu percebi que estava sem carteira, sem dinheiro e sem documentos em outro país, essa história já foi contada aqui nesse blog com o título: Buenos Aires. Eu me levanto e retorno ao quarto, ao entrar percebo um argentino tentando concertar o aquecedor, deito na cama e Rafael Lindoso continua lendo alguma coisa sobre Dinossauros. O Argentino diz que não tem como concertar, maravilha, o albergue está lotado e agente não tem como mudar de quarto. A Mayra sai do banheiro e pergunta:
- Ta sentindo alguma coisa?
- Nada não.
Eu estava sentindo apenas uma dor muito grande dentro do meu pulmão todas as vezes que eu respirava; “que porra é essa?” eu pensei. Ronny retorna do ping-pong junto com Flavinha, nessa noite todos se preparam para conhecer a noite em Neuquém. Mais eu estava com um pressentimento que a noite não seria uma das melhores. Todos começam a se arrumar e eu continuo deitado, sentindo muito frio nas pernas e muita dor ao respirar.
- Emílio tu ta sentindo alguma coisa?
- Nada não.
Até que eu tento me levantar para tomar um banho, foi quando eu senti uma dor muito forte no pulmão outra vez; “puta que pariu, agora fudeu”. Deito na cama e olho para o teto, “não pode ficar pior do que já estar, certo?” Ronny e Flavinha já estão arrumados:
- Ei louco tu não vai não?
- Cara, acho que não.
- Por que?
- Eu acho que não to legal.
Depois que eu relatei o que eu sentia, todos viram que era melhor eu ficar, Mayra ficou comigo, alguns minutos depois, umas argentinas chegaram no albergue quando eu e Mayra estávamos na recepção relatando o meu estado e elas se ofereceram para me levar a um hospital. Eu aceitei. No banco traseiro daquele carro eu me senti confortável, não estava frio, o pulmão deu uma aliviada, acho que por causa da adrenalina, eu olhava as luzes passando, pessoas com traços no rosto diferente das pessoas da minha terra, mendigos bem agasalhados com roupas da Nike, “estranho isso”. O carro para e eu estou diante de um Hospital todo em mármore branco gelo, sou conduzido a uma sala onde parecia ser uma sala de espera, as pessoas que me deram carona falam em espanhol com uma mulher que parecia ser uma atendente, e eu fico ali sentado em um banco de madeira esperando, a mulher que me deu carona vai até mim e me diz que eles irão me chamar em alguns minutos, era só esperar agora; “não pode ficar pior do que já estar, certo? Afinal eu estou em um hospital” o tempo passa, e Mayra esta do meu lado e uma velha senhora argentina toda enrugada me chama atenção, seu semblante era de uma mulher que sofreu a vida inteira, “cara, a maior parte dos nordestino sobre no calor, e esse povo aqui sobre no frio, qual será o pior?” no meio dos meus pensamentos Mayra me chama:
- Emílio é tu, estão te chamando.
Eu me apresento e fico de pé ao lado da atendente, é quando chega um enfermeiro com uma cadeira de rodas e pede pra eu sentar.
- Eu estou bem. Posso ir andando.
- Não senhor, é o procedimento do hospital. Pacientes não podem andar dentro do hospital.
Eu sentei na cadeira e no início não gostei, da uma sensação de impotência, porra eu podia andar que procedimento é esse? O enfermeiro começa e subir alguns andares e Mayra não pôde ir comigo, procedimentos! O enfermeiro me coloca em uma maca em uma sala onde estão outros pacientes em outras macas, cada maca era coberta por um lençol branco em forma de curtina, eu sabia que tinha gente nas macas mais não conseguia ver o rosto de ninguém e eu fiquei ali sentado na maca, esperando. Só depois de um tempo eu percebi uma coisa que me chamou atenção, o local que eu estava tinha som, tocava tango argentino. “que porra é essa?” era um ambiente estranho e mais estranho ainda quando eu deitado na maca e percebo passar pessoas de branco com máscaras no rosto de um lado para o outro, eu só enxergava por entre as brechas do lençol que envolvia minha maca, mais com um detalhe, as pessoas que passavam de um lado para o outro, pareciam médicos e enfermeiros, com um detalhe, todos estavam ensangüentados. “Não pode ficar pior do que já estar, certo?” ficou, eu escuto gritos agonizantes e fico de espreita na brecha do lençol e vejo um cara gritando com a mão e parte do braço cheio de sangue e um dedo decepado, o cara gritava, os médicos corriam sujos de sangue, os pacientes nas macas ao meu lado imóveis e tocava tango. O médico finalmente chega, abri as curtinas e me examina. Disse que eu tinha princípio de “neumonia” que para o português significa, pneumonia, fechas as curtinhas e desaparece. Depois de algum tempo uma enfermeira abri as cortinas da minha maca e me da um aparelha para colocar no nariz. Eu recebo nebulização durante 50 minutos e vejo por entre as frestas da minha cortina, pacientes entrarem agonizando, ensangüentados, uma velha com uma perna muito enxada, um com um corte na cabeça muito profundo e tocando tango. “Que porra é essa? Parece que eu estou em um filme daqueles terrir, terror e comédia” me lembrei dos filmes trash que passava na TV bandeirantes e pensei se a moda pegasse no Brasil, em Salvador, qual seria a música dos pronto Socorros? “Segura o Tchan”? E em Belém? “quem vai querer a minha piriquita?”, depois da nebulização melhorou a dor que eu sentia no peito, os médicos me deram os remédios e eu comecei a me preocupar; “como é que eu vou pagar esse hospital?” o enfermeiro surge e me leva de volta até Mayra, e nessa hora eu pergunto a recepcionista:
- Quanto é que foi tudo?
- Aqui é um hospital público jovem.
- A ta, obrigado.
Voltamos para o albergue, dentro do quarto Rafael continua lendo alguma coisa sobre Dinossauros e me pergunta:
- E ai rapaz, o que deu lá?
- Eu to com um princípio de pneumonia.
Silêncio no quarto, e Rafael meio que sem jeito me pergunta:
- Isso é contagioso?

domingo, 14 de novembro de 2010

Enseada dos Desesperados


Somente por duas vezes, pesquisadores ou alunos com fins científicos pisaram seus pés nesse local da foto acima. Eu tive o privilégio de participar nas duas ocasiões, acho que todo estudante de biologia ou das ciências naturais que trabalha no campo sempre tem o desejo de pisar em territórios nunca explorados antes pela ciência. Quando chegamos a lugares como esse da foto, não tem como, não pensar nas grandes expedições que entraram para a história da ciência como a do Alfred Wegener que foi o primeiro pesquisador a propor a teoria da deriva continental, em busca de encontrar a prova de sua teoria navegou para o pólo norte e ninguém nunca mais viu seu corpo outra vez. Alfred Russel Wallace que viajou por diversas partes do mundo e em 1958 chegou às mesmas conclusões de Charles Darwin a respeito da evolução das espécies. Darwin que sem dúvida possui a expedição mais conhecida do mundo da ciência. Eu não tenho nenhuma expedição em um nível mundial, mais aposto que tanto Wegener, Wallace, Darwin e eu, assim como quem chega num local nunca explorado antes, sente a mesma sensação. Em uma das viagens que fiz a Ilha do Cajual eu fiz a seguinte pergunta para meu professor de Paleontologia chamado Manoel Alfredo.


- Manoel, existe algum ponto na ilha nunca explorado até agora?
- Sim, a parte sul da ilha nunca foi explorada. Não tem como chegar la, eu já tentei uma vez mais antes de chegar no sul da ilha tem uma enseada que inunda rapidamente, se não sair rápido a maré cobre tudo muito rápido.
- hum.


Acontece que em uma das viagens para esta ilha, eu e meu amigo Fábio Beluga decidimos tentar alcançar a parte sul da ilha, terminada a aula prática, eu, Fábio e Andersom começamos a nos afastar do grupo e Manoel Alfredo pergunta:


- Aonde vocês vão?
- Vamos chegar à parte Sul da ilha.
- Olha, é perigoso.
- Tranquilo.


Começamos a andar e em pouco tempo percebemos que todo o grupo que tinha viajado para a ilha para assistir a uma aula prática de Paleontologia estava nos acompanhando, horas de caminhada depois chegamos à enseada. Estava completamente inundada, dava pra se ver as rochas bem distantes e um braço de mar enorme na nossa frente, eu pergunto a Manoel:


- É ali?
- É. Está vendo o tamanho da enseada? Uma vez eu e um grupo tentamos atravessar quando a maré estava baixa, quando estávamos pra chegar do outro lado, a maré começou a subir, foi um desespero, começamos a correr e chegamos aqui com água no peito já, se tivéssemos ficado mais 5 minutos a maré teria levado todo mundo.
- Certo.


Voltamos para as barracas que estavam armadas na praia e no dia seguinte fomos embora da ilha. Seis meses depois, uma nova viagem para a Ilha do Cajual estava programada, e as vésperas da viagem, em uma Sexta-feira, eu juntamente com os estagiários de Paleontologia, estávamos no bar Papagaio Amarelo no Reviver em São Luís. Todos conversam, contavam piadas, risos. Ronny Barros percebe que eu estava bem sério na mesa.


- O que tu tem pô?
- Eu vou chegar à parte Sul da Ilha do Cajual.
- Tu já ta bêbedo? Tu não viu o tamanho daquela enseada naquele dia?
- Eu vou chegar à parte Sul da Ilha do Cajual.
- Tu vai com quem louco?
- Sozinho. Se alguém quiser me acompanhar...
- Louco, como tu vai atravessar a enseada?
- Nadando.
- Caralho, deixa de ser louco. Tu ta querendo é morrer?
- Eu vou chegar à parte Sul da Ilha do Cajual. Tu quer ir Rafael?
- Na hora.
Nessa hora, Rafael Lindoso entra na conversa e pergunta para Ronny:
- Tu sabes nadar Ronny?
- Sei caralho, mais não tem como atravessar ali a nado não louco.
- Ronny, deixa que eu compro uma bóia de patinho pra ti que vende la na entrada do Cohatrac.


Partimos mais uma vez para aquela Ilha inóspita, é Sábado, e o grupo de estudantes vai assistir a uma aula prática de Paleontologia, eu fico no acampamento e junto lenhas, ascendo a fogueira, a noite se aproxima e o grupo retorna. Já está escuro e as meninas se preparam para tomar banho em um córrego perto, os homens esperam elas terminarem para depois fazerem a mesma coisa. Horas depois, jantar a luz da fogueira, bebidas começar a surgi no meio do grupo, um violão toca músicas que todos conhecem e mais uma vez a Ilha do Cajual é palco de uma confraternização de pessoas que gostam de estar ali em contato com a natureza, em um lugar sem energia elétrica, sem água potável, sem pessoas, sem nada...apenas a fogueira no meio do grupo, álcool na garganta da maioria, as ondas do mar indo e voltando, a mata escura no fundo e o céu escuro sem estrelas carregado de nuvens. De madrugada todos estão nas barracas e eu acerto meu relógio para despertar as 5:45 da manhã. O relógio toca, eu abro os olhos, abro a barraca e vejo o céu alaranjado no horizonte e penso que em poucos minutos o sol vai surge e fazer mais um espetáculo gratuito em que a maioria do seu público dorme, a brisa de manha cedo é fria. Eu saio da barraca e abro um pacote de biscoitos nikito junto com Taff – man, coloco minha Camelbak nas costas e vou pra a barraca onde Ronny dormia.


- Levanta porra, vamos.


Faço a mesma coisa na barraca do Rafael Lindoso, ninguém vê nossa saída, não teve despedidas, muitos menos boa sorte. O acontecesse só seria descoberto se alguém de nós sobrevivesse para contar a história. E partimos... Três horas e meia de caminhada depois chegamos à enseada, a maré estava vazando. Eu olhei para Ronny e Rafael e falei:


- Vamos la galera. Vamos atravessar essa porra.


Começamos andar e a água estava na nossa canela, mais o solo não era firme, era uma enseada formada de lama, então em várias partes atolávamos mais continuávamos andando até chegar às rochas do Sul da Ilha, eu tinha feito os cálculos um dia antes, e percebi que se entrássemos na enseada com a maré vazando, e se gastássemos 30 minutos para atravessá-la e 30 minutos para voltar, teríamos 30 minutos para explorar as rochas do Sul da Ilha, pois a maré faz uma pausa de 1h para voltar a subir ou descer, e foi o que aconteceu, Eu juntamente com meus amigos Ronny Barros e Rafael Lindoso colocamos os pés nas rochas que nunca tinham sido exploradas, e para nossa surpresa, encontramos um tronco de árvore inteiro de quase um metro fossilizado, aquilo daria uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado, resolvemos deixá-lo em um ponto específico de la, pois era muito pesado para ser carregado.


- Agora que agente sabe como chegar aqui, voltamos com um grupo maior e mais preparado para levar esse troco.
- Beleza.


Retornamos e ao atravessarmos a enseada, olhamos para trás e vimos o mar cobrindo tudo outra vez, durante a caminhada de volta o céu ficou bastante carregado e começa a chover, parecia uma purificação pelo nosso feito e nessa hora eu desabafei as gritos com a ilha:


- E AGORA PORRA? O QUE TU VAI FAZER?
- Emílio tu ta ficando doido?
- FALA ILHA MALDITA, É SÓ ISSO QUE TU TEM ? MERDA!!!
Nessa hora todos nos ouvimos um estrondo de um trovão e o Ronny e o Rafael levam um susto.
- Cala essa boca porra, tu ta ficando doido.
- Ei pô, não brinca com coisa séria.
- GRITA ILHA MALDITA, CARALHO, PORRA, AGENTE CONSEGUIU MERDA, TU PENSA QUE EU TENHO MEDO DE TI?


Mais trovões e chuva, chegamos encharcados, todos estão protegidos em baixo de uma falésia e quando o grupo nos avista surge a clássica pergunta.


- Onde diabo vocês foram?

sábado, 6 de novembro de 2010

Uma noite alucinante 2




No reino animal, a estratégia que cada animal utiliza para sobreviver é o que faz a diferença entre a sua vida ou a sua morte, nos répteis existe em geral duas formas de encontrar suas presas, ou o animal utiliza o método chamado “Senta-espera” ou o método da “procura-ativa”. No método senta-espera, ele simplesmente se posiciona em um local e espera a presa atravessar seu caminho para dar o bote certeiro, já no método da procura-ativa, o animal procura a sua presa por todo o território demarcado por ele ou fora dele. O método senta-espera inspirou pesquisadores no mundo inteiro a desenvolver suas metodologias científicas, pois hoje esse método é utilizado, não para caçar animais com objetivo de saciar a fome de pesquisadores, mais para fotografar determinados animais. O pesquisador fica camuflado em um determinado ponto com uma máquina fotográfica em mãos e põe uma isca para atrair determinado animal para ser fotografado, é uma técnica bem primitiva é verdade, mais utilizada para quem tem paciência e gostar de ficar horas no meio do mato parado esperando o animal aparecer para comer a isca. Quem tem um pouco mais de dinheiro compra máquinas fotográficas que possui sensores, e tão logo um animal passa por um ponto a máquina dispara automaticamente. Certo dia, na Universidade Federal do Maranhão em São Luís, cinco alunos do curso de Ciências Biológicas decidem aplicar um método senta-espera em uma ilha próxima ao município de Raposa.
- Ei, Babu vamos para Curupu no próximo fim de semana?
- Na hora, quem vai tanto?
- Eu, Mikail, Bento e Fernando. Mais agente vai tentar fotografar algum bicho grande que tem la.
- Que bicho?
- Cara eu não sei, eu e o Fernando fotografamos umas pegadas grandes na última vez que fomos la, vamos ver agora se conseguimos fotografar o bicho.
- Como vai ser isso?
- Os moleques ficaram de levar a carne que agente vai usar como isca, agente vai se esconder no mato e esperar.
- Beleza.
Terminal rodoviário Cohab-Cohatrac, de manha cedo os cinco futuros biólogos se encontram e para a surpresa de todos o Fernando vem com uma cara de cachorro com fome e fala:
- Bicho, não deu pra compra a carne não.
- Porra tu é muito fulero mermo! (exclama Tayllon, conhecido como “Babu” que depois dessa noite ele passou a ser conhecido com outro nome)
- Ei pô , relaxa, agente compra a carne la na raposa.
Os cincos jovens entram no ônibus com suas mochilas, ou melhor, quatro jovens entram no ônibus com mochilas, Bento levou uma bolsa de alça, daquelas que fica de lado quando carregamos. Chegamos ao porto da Raposa, cheiro de salitre e peixe no ar. O sol frio e a brisa leve faz do lugar um dia perfeito, com a maré calma os maçaricos junto com graças, levantam vôo e forma uma vista digna de uma foto para um quadro na parede da sala. Não encontramos carne, mais sim, restos de uma ossada, perfeito. Acertamos o preço da atravessia com um canoeiro e partimos para a Ilha de Curupu. A caminhada começa, subindo e descendo dunas, de um lado da pra se ver a imensidão do oceano do topo de uma duna e do outro um manguezal imponente e cheio de vida e matéria em decomposição, quatro jovens de mochila e Bento arrebenta uma das alças de sua bolsa, ele agora anda com ela mais parecendo uma mãe com seu filho, Benta anda com sua bolsa abraçada a ela, que na volta ele a arrasta a coitada no chão, parecendo um retirante que perdeu tudo em uma enxurrada. Paramos em cima de uma duna bem alta e olhamos para o interior da ilha, Restinga no começo e muito mangue no restante. Atravessamos a Restinga e deixamos nossas coisas na beira do mangue, almoçamos e ficamos la deitado jogando conversa fora, depois de um amanha inteira debaixo do Sol subindo e descendo duna, deitar na beira de um manguezal frio é mais do que merecido.
- Vamos entra no mangue? Ver se observamos algo de novo com os macacos que ficam la?
- Vamos.
Depois de ficarmos a tarde no meio da lama voltamos para o ponto que iríamos esperar, armamos as barracas a certa distância e escolhemos pontos diferentes para ficarmos na espreita, cada um pegou o precisava (comida, água e etc)a isca foi posicionada em cima de um tronco seco para atrair algum animal e o silêncio reinou absoluto. Os grupos ficaram divididos em, Babu,Fernando e Mikhail em um ponto e eu e Bento em outro. Nada indicava que ia chover, mais a brisa que vinha do mar começou a ficar cada vez mais forte, fazendo as árvores e arbustos movimentarem bastante. O céu começou a ficar carregado de nuvens, e relâmpagos começaram aparecer com muita freqüência, depois do vento, nuvens e relâmpagos, trovões começaram a ser ouvidos distante. Nessa hora eu percebi o tanto que Biólogo de campo é louco. Enquanto quase 1 milhão de pessoas em São Luís estava agora protegidas no conforto de suas casas, algumas assistindo TV, outras teclando no MSN, outras lendo algum blog... Cincos jovens estavam em silêncio, na beira de um manguezal escondido atrás de arbustos com máquinas fotográficas na mão a espera de algum animal selvagem daquela ilha. Em poucos minutos vai cair um temporal, e agente ali no meio do mato, nesse momento em que eu pensava nessas coisas eu senti algo bem gelado na minha cocha, eu levei um susto e sacudi minha perna. Eu não sabia o que era, e perguntei:
- Que diabos foi isso tu viu?
- Relaxa pô era uma rã nada demais...
- Puta que pariu...
Deu pra perceber que o outro grupo falava bem baixo, mais não sabíamos o que era (eu soube depois que estavam sorrindo, achando que tinha sido o Bento que levou o susto) foi quando os primeiro pingos gelados tocam nossos rostos e resolvemos ir para as barracas (eram duas). Bento e Fernando ficaram em uma e eu, Mikhail e Babu na outra barraca. Dentro da barraca dava pra se ouvir o estrondo dos trovões e várias vezes uns clarões de relâmpagos, a cada relâmpago apareciam sombras de galhos na lona da barraca e os pingos da tempestade escorriam em volta da gente, estávamos sujos e com frio, deitados em uma barraca sem colchão no meio do mato debaixo de uma tempestade sem comunicação alguma com outras pessoas. Ate que a Tempestade ficou bem fraca de madrugada, mais continuaram os relâmpagos e trovões, foi quando eu percebo algo do lado de fora da barraca, algo caminhava e eu não tinha a menor noção do que era. Eu ouço as passadas e fico em alerta, estava no meio da barraca, Babu estava de lado, encostado na lateral da barraca e Mikhail do outro, no meio de clarões, trovões e algo caminhando do lado de fora da barraca nosso colega Babu da um pulo altamente esparroso:
- Puta merda, alguma coisa me cheirou aqui!!!
- O que?
- Alguma coisa veio aqui no canto da barraca e me cheirou perto da minha cabeça.
O silêncio toma conta da barraca, nessa hora somente pingos fracos, muito vento la fora e vários clarões no céu ao som de trovões bem distantes.
- Rapaz deve ter sido um Guaxinim.
- Emílio cadê tua faca? Cadê tua faca pô? Me da tua faca ai!!!
Mikhail com toda a sua calma de bom samaritano tenta acalmar nosso colega que estava em desespero:
- Relaxa Babu, foi só um Guaxinim.
- Que porra de Guaximin, me da a faca ai Emílio, eu quero dormi com a faca na mão.
- Peraí pô, eu vou pegar aqui. Vou colocar aqui do canto, qualquer coisa agente pega.
- Eu não vou dormi aqui no lado da barraca não.
- Então vem aqui pro meio pô, eu duro ai.
Amanhece o dia....
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ( eu e Mikhail)
Bento se aproxima confuso e sem entender e pergunta o que estava acontecendo:
- Um Guaxinim cheirou o cangote de Babu e se apaixonou por ele!
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk (eu, Mikhail e Bento)
- Esses caras são foda , rsrsr (Babu)
- Que história é essa de Guaxinim Babu?
- Não vem também não Fernando.
Nessa hora eu não me contive e falei:
- Relaxa Guaxinim, isso acontece nas melhores famílias.
E foi assim que o nosso colega Raymony Tayllon, conhecido como Babu adquiriu mais um pseudo-nome:Guaxinim.

sábado, 30 de outubro de 2010

No Alto da Montanha


Na Ásia, entre o Nepal e o Tibete existe um grupo de montanhas conhecidas como cordilheira do Himalaia, ao todo são mais de 100 montanhas que passam dos 7.000 metros de altura. Entre essas montanhas o monte Everest é o mais alto, a sua altura muda todos os anos devido ao movimento das placas tectônicas que empurram o monte cada vez mais pra cima e já está com mais de 8.840 metros. O cume desse monte foi alcançado pela primeira vez em 1953 por Edmund Percival Hillary (provavelmente o mais famoso alpinista do mundo) e Sherpa Tenzing Norgay. O Aconcágua, localizado nos Andes argentinos aqui na América do Sul é o segundo pico mais “próximo do céu” com mais de 6.960 metros. Outro pico bem conhecido mundialmente que fica no norte da Tanzânia na fronteira com o Quênia é o Kilimanjaro na África, considerado o 4º ponto mais alto do planeta, é classificado pela UNESCO como patrimonio da humanid. Possui o chamado “gelo eterno” que está derretendo consideravelmente, especialistas no mundo inteiro usam fotos desse pico para afirmar um dos efeitos do aquecimento global. Aqui no Brasil é o Pico da Neblina no norte do Amazonas que possui o ponto mais alto, com 2.994 m (1/3 do monte Everest, impressionante!). HÁ poucos dias, Rafael Meneses que está comigo na foto acima, me disse ter subido no 3º ponto mais alto do Brasil, o Pico da Bandeira em Minas Gerais. A foto acima foi tirada no último feriado de Carnaval, 3 casais (Eu e Mayra, Rafael Meneses e Gisele, Manuela e Andersom) resolvemos “subir um morro!”. Fomos até o sul do Maranhão, escolhemos um e quando estávamos no cume eu falei com a Gisele:
- Gisele, tira uma foto aqui. Pode ser?
- Ta. Sem problema.
O click da máquina de 12 megapixels congelou a imagem logo acima, os olhos de quem esta nas alturas gravam o que é visto, o cérebro sente as sensações de prazer e medo e o corpo descansa. Só quem chega ao cume de qualquer montanha, morro ou monte é que pode sentir algo ou não, vai depender do estado de espírito de cada um. Mais a sensação que muitas pessoas sentem, é o que faz não parar de subir, e é essa sensação que já levou várias pessoa a morte em escaladas no mundo todo. É uma sensação que nem mesmo o risco da morte consegue impedir e o alpinista gosta desse prazer, quando se chega ao cume é que valorizamos mais a vida, por que nos damos conta de que existe muitos morros, montes e montanhas para escalar, e a sensação que sentimos vai se repetir muitas outras vezes.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sala de aula


É engraçado, essa semana ocorreu uma situação curiosa numa turma que eu ministro aula, mais precisamente em uma turma de 8º série (9° ano) do ensino fundamental. Quem é professor ou já foi professor sabe que na sala de aula acontecem algumas situações que marcam, seja de uma forma positiva ou negativa, mais marca.
Situações inesperadas: um aluno se levanta e dar uma lição de moral em um colega, dizendo que se o aluno que estava bagunçando não queria nada com a vida, ele queria, queria ser alguém na vida e chamou o aluno bagunceiro pra porrada, uma turma uma certa vez me fez uma festa de aniversário surpresa e depois de cantar os parabéns começou uma guerra de comida e a sala ficou uma porcaria.
Situações inacreditáveis: eu já dei aula para três turmas ao mesmo tempo com atividades diferentes (quem acha que isso só acontece em escola pública, isso foi em uma escola particular), acertei as questões de 3 vestibulares da UFMA, depois que eu acertava, os alunos diziam que eu tinha algum esquema na UFMA para acertar as questões, um aluno de 12 anos que discutiu comigo uma vez a teoria da evolução de Charles Darwin com argumentos que impressionava.
Situações nojentas: eu já presenciei uma aluna limpando a orelha com a blusa de farda, uma outra que tirava meleca do nariz e comia, uma que sempre estava com as axilas muito fedidas, dentes com cáries, um aluno que se cagou e todo mundo ficou rido da cara dele e por ai vai.
Situações emocionantes: apesar de dar certa emoção ver um ex-aluno fazendo um curso superior em uma boa faculdade, ser escolhido no final do ano pra ser o padrinho da turma de terceiro ano, ser disputado entre os alunos para ser o professor que irá orientá-los na feira de ciências ou ser escolhido pela turma para ser o professor conselheiro, nada me emociona mais do que uma situação bem simples, quando eu termino minha aula e vem um aluno ou aluna no corredor da escola ou no pátio e diz: “Poxa Emílio, essa aula foi massa”. Pra mim, não tem dinheiro que pague isso.
Mais o que aconteceu comigo essa semana eu não consegui enquadra em nenhuma das categorias ai citadas, eu tinha passado uma atividade e alguns alunos tinham terminado e outros ainda faziam, faltavam 10 minutos para terminar o horário naquela turma. Eu me sentei, apoiei meus braços na mesa do professor e fiquei esperando o horário terminar foi quando eu me deparo com um aluno fazendo um desenho do Diego Maradona batendo bola com o Pelé, quando eu vi aquilo eu perguntei:
- Elemento, tu sabe fazer caricatura?
- Sei professor, mais eu não faço mais não.
- Porque não?
- Por que uma vez eu desenhei um professor e deu a maior confusão, ele não gostou e me levou pra secretaria. Levei a maior bronca. Fiquei traumatizado depois disso, desde então nunca mais fiz caricatura de ninguém.
- Faz uma caricatura minha elemento.
- Tu é doido professor, Deus me livre.
- Faça moço, não estou te falando pra fazer?
- É sério professor?
- É rapaz, faz ai.
- Ta bom.
Esse meu aluno começou a rabiscar, somente um aluno que sentava atrás dele de início percebeu a situação, depois veio mais um colega e uma aluna que sentava ao lado. Em poucos minutos ele terminou a caricatura (essa que está ai em cima) e durante as rabiscadas de lápis desse garoto me veio na cabeça o que diz a “Psicologia objetivista” que afirma que todo o conhecimento de uma pessoa vem a partir da experiência, que tipo de conhecimento esse aluno obteve com a experiência do professor que o levou pra secretaria por causa de uma caricatura? Alem dessa teoria, no passado existiu um biólogo que pouca gente sabe que ele foi biólogo, pois ele aparece mais nos cursos de licenciatura e nos cursos das áreas humanas, ele é o Jean Piaget. Ao contrário da Psicologia objetivista, resumidamente ele afirmava que todo o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é “ativada” pela ação e interação da pessoa com o meio ambiente. No caso da caricatura, o que teria acontecido com o processo do meu aluno quando a ação do professor foi de levar ele na secretaria? Será que existiu uma interação? Uma correção? Uma humilhação? Uma privação? Uma educação? Uma... nessa hora ele me entregou a caricatura que eu acabei gostando e resolvi colocar ela na prova próxima prova que eles irão fazer comigo, ao lado do cabeçalho. E voltando a o que será que aconteceu com o meu aluno, deixo aqui a critério de quem ler isso aqui e tire sua própria opinião, eu ganhei uma caricatura e você o que achou?

sábado, 9 de outubro de 2010

Brasilotyphlus guarantanus


Madagascar é um país da África formado pela Ilha de Madagascár e algumas ilhas próximas. Esse país possui o canal de Moçambique a oste e o Oceano Índico a leste. Esse país tem muitas montanhas e animais exclusivo de la como os lêmures. Só que na década de 90 Scott Sampson, da Universidade de Utah, e cientistas da Universidade do Estado de Nova Iorque descobriram os restos de muitas criaturas fossilizadas na Ilha de Madagascár, entre os fósseis encontrados estava restos de um dinossauro do gênero Masiakasaurus, a julgar pelos seus dentes, era um animal carnívoro de uns dois metros de comprimento. O dente principal do maxilar inferior projeta-se para fora, e não para cima, e os incisivos são alongados e cônicos enquanto que os molares são achatados e serrilhados. Estas características fizeram Scott Sampson afirmar:

- Este é uma nova espécie de dinossauro. Uma das coisas curiosas sobre ele é que seus parentes mais próximos estão na distante Argentina.

É comum, em trabalhos de campo na área de biologia, alguém levar músicas que são ouvidas a noite ou mesmo alguém que toque violão para animar as noites. E esse grupo de cientistas em Madagascar não era diferente, a banda que eles ouviam era Dire Straits, uma banda de rocky Britânica formada em 1977 por Mark( guitarra e vocais), seu irmão David Knopfler (guitarra), John Illsley (baixo) e Pick Withers (bateria). Entre suas canções mais conhecidas estão "Sultans of Swing", "So Far Away", "Money for Nothing", e "Brothers in Arms". Como o grupo de cientistas estava diante de uma nova espécie de dinossauro, teria que batizalo, com isso fizeram uma homenagem ao vocalista do Dire Straits o Mark Knopfler, eles então batizaram o dinossauro encontrado de Masiakasaurus knoplferi. Essa publicação pode ser encontrada na revista Nature 409, publicada em 25 de Janeiro de 2001. O que essa história tem haver com o elemento que está na foto acima? Bem o nome dele é Adriano Maciel, hoje ele é mestre em Zoologia e está no Departamento de Zoologia do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará. Eu conheci esse rapaz ainda na graduação, do curso de Ciências Biológicas da UFMA em São Luís e nossa amizade ficou mais próxima quando descobrimos que tínhamos um ponto em comum, nos dois gostamos muito do eterno “maluco beleza”, ou seja, do Raul Seixas. O Adriano era um cara que estudava cecílias na graduação e continua até hoje. As cecílias são anfíbios sem patas escavadores ou aquáticos que ocorrem em habitats tropicais do mundo todo. Uma vez eu conversei com ele a respeito disso:

- Bicho, tu conheceu cecílias com que idade?
- heheh, nem lembro. Foi em 2003 a primeira vez tinha uns 23 anos.
- Já na faculdade?
- sim, em Urbano Santos.
- Elemento, o que te fez ser atraído pelas cecílias?
- Cara, quando coletei as primeiras, me empolguei pelo fato de serem anfíbios altamente diferente do convencional conhecimento do que é um anfíbio. Mas me empolguei pra estudar mesmo, depois que comecei a conhecer a literatura e ver o quanto esses bichos são enigmáticos e desconhecidos.
- Beleza, e depois que tu conheceste um pouco mais? Mudou alguma coisa?
- Pretendo continuar estudando esses bichos, mas se não for viável pro doutorado vou mexer no doutorado com Anura ( a ordem de anfíbios que estão sapos e pererecas) mas sempre disposto a descrever uma espécie que aparecer ou historia natural, etc
- ok.

Durante o seu mestrado, o Adriano teve uma boa surpresa, assim como existe dinossauros do gênero Masiakasaurus, existe cecílias do gênero Brasilotyphlus e este elemento encontrou uma nova espécie de cecília do gênero Brasilotyphlus. Essa nova espécie, que esta na foto acima, foi encontrada no município de Guarantã do Norte, estado de Mato Grosso e em homenagem ao município, Adriano Maciel junto com mais dois pesquisadores deram o nome a nova espécie de cecília encontrada aqui no Brasil de Brasilotyphlus guarantanus. Eu achei uma puta de uma sacanagem essa ai do Adriano, se eu tivesse no lugar dele faria o que o Scott Sampson fez, mais o homenageado seria o pai do rocky nacional, poderia ser Brasilotyphlus seyxas ou Brasilotyphlus raulzytus. Mais fazer o que, eu não sei se os outros caras que publicaram com Adriano gostavam de Raul. Essa publicação do Adriano pode ser encontrada na Zootaxa 2226: 19–27 do ano 2009. No seguinte endereço eletrônico:www.mapress.com/zootaxa/.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sarney, Alguém conhece?

(Atenção, a história e o personagem são fictícios, mais os locais existem, quem quiser pode conferir)

Em 1983, na Maternidade Marly Sarney, em São Luís, nasce um bebê de olhos esbugalhados, pernas tortas e com um cabeção. Os Pais ao receberem o menino tiveram que colocar um nome:
- Cauã?
- Janequine?
- Já sei amor. Vamos chamá-lo de Zé Ninguém.
- Perfeito!
Zé Ninguém cresceu no Bairro Vila Sarney, viveu nesse bairro até os 4 anos de idade, quando a família resolve mudar-se para a Vila Sarney filho. Chegando lá, não conseguem se adaptar, ruas esburacadas, lixo e esgoto a céu aberto e muita poluição sonora. A família resolve então mudar-se para a Vila Roseana Sarney, o Zé Ninguém vive parte de sua infância nessa vila e na Vila Kiola Sarney, conhece vários amigos, mais com o passar dos anos, tem seus amigos mortos por causa da violência do local. Zé ninguém é enviado ao interior do estado, pois seus parentes conseguem uma vaga em uma boa escola em Pindaré Mirim, a Escola José Sarney Costa, nessa escola o índice de bagunça é muito grande então Zé Ninguém resolve mudar-se para Santa Inês e se matricula na Escola Senador José Sarney, é um período de boa adaptação mas, ocorre uma tragédia na família de Zé Ninguém em Santa Inês, todos estão desempregados e como são todos analfabetos, tiveram que se retirar ao município de Cidelândia, que fica na região do bico do papagaio, próxima a Imperatriz, lá Zé Ninguém consegue uma vaga na Escola Municipal Presidente José Sarney mais o ano já está perdido e Zé Ninguém reprova de ano. Um belo dia um assaltante entra em sua casa e mata todos da família, Zé Ninguém é o único a escapar por que estava trabalhando como vigia de cemitério, ao chegar em casa percebi a tragédia e parte para outra cidade. Zé Ninguém agora chega a Lagoa do mato e termina seus estudos na Unidade Integrada Senador José Sarney, e acompanha notícias através da TV Mirante que é de propriedade de José Sarney. Zé Ninguém começa a perceber que alguma notícias não são comentadas.
- Que porra é essa? Vou começar a ler jornais da banca.
Chegando na Banca, Zé Ninguém pergunta:
- Qual o jornal que vocês vendem aqui?
- Jornal o Estado do Maranhão (de propriedade de José Sarney)
- Eu vou levar.
O tempo passa e ele percebe que as notícias que saem no jornal o Estado do Maranhão é muito parecidas com os que saem no JMTV da TV Mirante.
- Que porra é essa?
Uma noite ele ouvia as rádios Mirante AM e FM, ambas de propriedade de José Sarney, e é anunciado o vestibular agendado de uma universidade particular em São Luís. Alguns de seus amigos haviam falado que essa universidade era boa e que o dono era um tal de José Sarney. Zé Ninguém então pensa:
- Poxa, vou voltar pra capital e estudar, ser alguém na vida.
Ele pega um ônibus na rodoviária rumo a sua cidade natal, no caminho passa por várias cidades entre elas Joselândia, Presidente Sarney e outras. Chegando então a capital do estado do Maranhão na Rodoviária Kiola Sarney. Zé Ninguém desse e sem lugar pra ir, entra em um coletivo e desce na Praça Deodoro onde ele encontra a Biblioteca José Sarney. Zé Ninguém entra na biblioteca e procura livros para estudar, entre esses livros ele encontra vários livros como: A pesca do curral de 1953, Brejal dos Guajás e outras histórias, 1985. Tempo de pacotilha, 2004. Todos de autoria de um certo homem chamado José Sarney. Zé Ninguém então resolve procurar livros de contos e encontra: Norte das águas, 1969 e Dez contos escolhidos, 1985. Ambos de José Sarney. Parte então para e estante de livros de crônica e ver: Sexta-feira, Folha, 1994. A onda liberal na hora da verdade, 1999. Canto de página, 2002 e Semana sim, outra também, 2006 e para sua surpresa, todos de autoria de José Sarney, Zé Ninguém resolve ir para o estante de livros de literatura, entre eles um lhe chama atenção: O dono do mar de 1995.
- Dono do Mar? O que será que significa isso? E esse autor? José Sarney...eu acho que eu já ouvi esse nome em algum lugar.
Zé Ninguém Saia da Biblioteca José Sarney, entra no ônibus que passa por cima da Ponte José Sarney, segue pela Avenida José Sarney e vai para casa.Tempos depois passa no vestibular para o curso de administração, no curso ele percebe que as contas públicas do seu estado não são tão bem administradas e ele resolve ir ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney, Zé Ninguém não é tão bem recebido e resolve reclamar e se dirige ao Fórum José Sarney.
- Bom dia vigia.
- Bom dia.
- Eu to aqui querendo fazer uma reclamação, onde fica a sala de Impressa?
-Pergunte ali na sala da recepção.
- Obrigado.
Zé Ninguém se aproxima da uma mulher que está atrás de um balcão onde tem uma placa como o nome recepção.
- Bom dia.
- Bom dia senhor, em que posso ajudá-lo?
- Onde fica a sala de imprensa aqui? Quero fazer uma denúncia.
- Olha, a sala de Imprensa Marly Sarney fica logo ali no final desse corredor, logo após a sala de Defensoria Pública Kiola Sarney.
- Sarney?
- Isso, por que?
- Eu acho que já ouvi esse nome em algum lugar.
- Que tipo de denúncia você quer fazer?
- Eu queria saber quem foi que disse que Deus é brasileiro, que existe ordem e progresso,enquanto a zona continua no congresso?
- Eu não sei.
- Eu queria saber quem foi que disse que os homens nascem iguais? Quem foi que disse que dinheiro não traz felicidade? Quem foi que disse que os homens não podem chorar?
- Eu não sei. Mais quem é o senhor mesmo?
- Eu não sou ministro, eu não sou magnata, eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém. Aqui embaixo, as leis são diferentes.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tecnologia primitiva


O nível tecnológico que temos nos dias de hoje é impressionante, celulares, TV LCD, computadores, jatos de guerra que não podem ser rastreados por radares, sonar altamente potente em navios e submarinos, viagens espaciais, um motor de fórmula 1... Mais tudo isso teve um início. A ferramenta com o registro mais antigo que se tem notícia foi encontrada numa margem de um rio na ilha de Java, que é a segunda maior e a principal ilha da Indonésia. A ferramenta encontrada foi um machado e junto a esse machado tambem foram encontrados restos fossilizados de um hominídeo chamado Homo erectus. Pelos cálculos da ciência essa espécie viveu entre 1,8 milhões de anos e 300 000 anos atrás, num período geológico chamado de Pleistoceno. Mais o que teria levado esse hominídeo a criar essa ferramenta? Seria ultilizada para capturar presas? Seria ultilizado para lutas contra outros homo erectus na defesa de território? Ou seria ultilizado para matar uma esposa infiel? Ou um filhote atentado? Esse pergunta intriga uma parte de cientistas que tenta entender como o nosso cérebro evoluiu e chegou no nivel tecnológico que temos hoje. Alguns pesquisadores perceberam que algumas espécies de primatas elaboram alguns tipos de ferramentas, que são as mesmas encontradas juntas de vários restos de hominídeos. Então, podemos supor que, os mesmos fatores que levam um macaco a fabricar uma ferramenta foram os mesmo fatores que levaram o homo erectus a começar a fabricar as suas. Aqui nas Américas só tem um tipo de macaco que fabrica ferramentas, o macaco-prego. Para a ciência, até o momento, existe sete espécies diferentes de macaco-prego e em três delas ja se tem registro de fabricação de ferramentas. A Ilha de Curupu, que faz parte do município da Raposa no Maranhão, possui mais de 20 km de praias desertas e do outro lado da Ilha é coberta por manguezal, nesse manguezal é encontrado grupos de macacos-prego que usam pedaços de madeira para extrair das raízes do mangue um animal chamado turu, que parece um verme, usado na sua alimentação em determinados períodos do ano. Eu, juntamente com alguns colegas do curso de Biologia resolvemos acompanhar esses macacos nessa ilha durante quase um ano, e uma certa viagem a essa ilha, o grupo era formado por min, Luis Fernando (que está no meio do mangue na foto acima), Bento (de boné vermelho), Mikhail (de blusa azul sem boné) e Raymony Tayllon, o Babú (de boné branco). Chegamos na margem do mangue, após uma longa caminhada pela praia e depois passando pela vegetação que fica depois das dunas chamada Restinga. Começamos então a nos preparar para entra naquele ambiente onde ocorre intensa decomposição de matéria orgânica e exala um odor que muitos não gostam, outros se acostumam e outros não faz a menor diferença. Tiramos as botas, caso contrário atolamos na lama do mangue e as mochilas, para termos mais mobilidade para andar entre as raízes (que na verdade são troncos) do manguezal. Antes de entrarmos no mangue eu disse:
- Pessoal, pendurem suas coisas nos galhos, pois se a maré encher não irá molhar nossas coisas.
- Beleza.
Entramos no mangue, hora pisando na lama hora passando por cima de galhos e troncos de madeira. Em alguns pontos do mangue paramos para ficarmos apenas ouvindo qualquer coisa que possa dar sinal dos primatas. Nessas viagens, algumas vezes podemos registrar alguns comportamentos no mangue, mais nesse dia não conseguimos nem topar com o bando de macacos. O tempo passa, as “mutucas”, insetos chupadores de sangue, não param um só instante e nada dos macacos. Apenas o barulho das árvores do manguezal balançadas pelo vento, o estalo de caranguejos na lama e um palavrão baixo emitidos por um de nos quando topávamos em algo ou quando um caranguejo agarrava alguma parte do nosso pé. Até que eu percebo a maré tomar conta do mangue aos poucos. Nessa hora eu disse:
- Saca só galera como a maré enche rápido, há poucos minutos a água estava cobrindo meu pé, agora já está acima do joelho.
- Melhor voltarmos antes que a maré encha de vez.
- Beleza.
Caminho de volta e a maré enchendo mais e mais, até que a água já estava na nossa cintura, nessa hora eu percebi que tinha a possibilidade de termos que nadar alguns trechos, pois estava subindo muito rápido. Foi quando eu perguntei:
- Todo mundo aqui sabe nadar não é?
- Relaxa pó, eu sei. Tranqüilo. Foi o que o Babú respondeu.
- Comigo também não tem problema não. Essa foi a resposta do Mikhai.
- Rapaz faz tempo que eu nadei, mas dou conta. Bento.
Nessa hora, Luis Fernando fala o que ninguém acreditou, ou melhor, acreditamos e quase morremos de sorrir.
- Eu to fudido, eu não sei não.
- Puta que pariu. Fala sério, o mais alto não sabe nadar, moço...Acho que ninguém aqui dá conta de te carregar não. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Foi as minhas palavras de consolo ao Fernando.
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk (Babú)
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk (Mikhail)
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk (Bento)
Até que chegamos ao local onde havíamos colocado nossas coisas, sem ter precisado carregar Luis Fernando. Mais o que vimos não foi nada agradável. Algumas mochilas boiando e botas debaixo d´agua. Uma das mochilas era a do Babú, nessa hora ele entra em desespero:
- Puta que pariu.
Ele pega a mochila toda molhada e começa a procurar desesperadamente algo, até que encontra:
- Caralho, o celular do meu irmão que eu peguei emprestado já era e o meu também. Cara e eu nem terminei de pagar essa porra ainda.
A alguns metros do desespero do nosso amigo Babú, Luis Fernando fala feliz da vida:
- Cara ainda bem que minha caneta da sorte não molhou...rsrsrssr.
- Vai tomar no cú porra. (Babú)
No auge do desespero, Babú pegou uma espécie de estojo que estava cheio de papeis e ele diz:
- Poxa pelo menos isso aqui não molhou.
Parecia um castigo divino, nesse exato momento aconteceu o inacreditável, na hora que ele terminar de dizer o estojo cai da mão dele direto para o fundo da água e molha todos os papeis. Ele começa a jogar tudo fora, falando palavras nada educadas e espalhando vários objetos e papéis no mangue. Mikhail tenta usar sua consciência biológica e diz:
- Tayllon não suja o mangue pô, sabe que isso é prejudici...
- Vai se fuder tu é o mangue, to nem aí
Não sei por que, mais nos, como amigos do nosso querido Babú, ao invés de darmos um certo apoio, só conseguíamos ficar sorrindo daquele acontecimento. Pegamos nossas coisas molhadas e voltamos para casa. Será que daqui a algumas centenas de milhares de anos, cinco macacos irão passar pelo que passamos naquele dia? Babú continuou pagando o celular e visitando o bando de macacos no mangue, mais depois desse dia ele nunca mais levou estojo, celular ou nada eletrônico para as nossas idas no mangue.

domingo, 19 de setembro de 2010

Qual seu sonho?


Rafael Mattos Lindoso é o nome desse elemento que ta ao meu lado esquerdo na foto acima, do lado direito está passando um velhinho “Robert” e logo abaixo de nos está os restos fossilizados do maior carnívoro terrestre que a ciência tem notícia, ele foi descoberto e divulgado para o mundo na revista Nature recentemente, em 1995. Foi um dinossauro que chegava a medir 13 m de comprimento, com seu peso variando entre 9 a 14 toneladas de muito músculo. Entre os dinossauros carnívoros, sem sombra de dúvida, o T-Rex é a grande estrela e o mais famoso, o Gigantosauro causou grande expando na época de sua descoberta por que ele era justamente maior que o lendário Tiranossauro rex, esse tamanho todo levou a vários produtores o colocarem em alguns documentários como:Walking With Dinosaurus Special - Chased by Dinosaurus da BBC e Dinosaurus: Giants of Patagonia da IMAX, mais mesmo assim nada disso foi suficiente para esse dinossauro Latino americano ter a popularidade que o seu colega T-Rex norte americano. Ambos viveram num perído chamado cretáceo, que é o ultimo período da era Mesozóica conhecida como “A era dos répteis”. Mais até chegarmos a esta foto, uma certa vez eu estava com Rafael Lindoso no museu de Paleontologia em São Luís, que fica localizado no centro histórico da cidade. E fiz a senguinte pergunta:
- Rafael como foi que tu conheceu esse museu?
- Eu vi num jornal.
- Ai tu começou a frequentar aqui?
- Foi. E não aprei mais.
- Desde quando?
- Rapaz, quando eu começei a vir pra ca, eu ainda estava no ensino médio.
E foi assim que o pequeno e franzino jovem estudante de ensino médio teve o seu contato com o centro de pesquisa no Maranhão que se dedicava a estudar fósseis. Durante o esino médio Rafael Lindoso trocou e-mails com paleontólogos renomados de diversas partes do mundo, alguns deles inclusive chegou a lhe enviar material como jornais e revistas sobre dinossauros e outros animais fossilizados. Rafael ficava a cada dia mais encantado com aquele mundo petrificado. Por três vezes ele tenta passar no vestibular para cursar Ciências Biológicas na UFMA, e em todas ele não passa da segunda etapa. Em uma dessas, eu conversei com ele:
- E ai Rafael será que esse ano dá?
- Cara, não sei passei denovo na primeira etapa , mais passei la em baixo.
- Hum, sei, mais tenta cara. O importante é não desistir.
- O que me mata são as provas de cálculos, eu me dou mal todas as vezes em Matemática, física e principalemente química.
A reprovação três vezes no vestibular não foram suficientes para o jovem desistir de ser um Paleontólogo, ele ingressou no curso de Biologia de uma Faculdade particular e como estudante de biologia participou de algumas explorações, uma delas foi na Ilha do Cajual, uma ilha situada próxima à cidade de Alcântara que tem uma grande concentração de fósseis. A grande quantdade de fósseis dessa ilha foi descoberta em 1995 e todos os anos tem sido realizadas expedições para à procura de mais fósseis. De todas as partes da ilha a parte sul da ilha nunca tinha sido explorada, devido as dificuldades de chegar a sua extremidade, pois essa parte da ilha é protegida por uma enseada que passa a maior parte do tempo submersa, quando a maré recua, só temos 30 minutos para ficarmos na parte Sul da ilha até a maré cobrir totalmente o local onde provavelmente teria fósseis. Durante anos, várias pessoas , inclusive o Paleontólogo Manoel Alfredo Medeiros tentou essa atravessia, mais até hoje dois grupos de pesssoas consegiu chegar na parte Sul da ilha. O primeiro grupo era formado por min, Ronny Barros e Rafael Lindoso, mais essa história eu conto outro dia. Na cidade de Brejo, que fica localizada na fronteira do Maranhão com o Piauí, as margens do Rio Parnaíba, quase no Delta do Parnaíba, foi encontrado um sítio fossilífero repleto de peixes, artrópodes e restos de plantas fossilizados, nessa expedição, mais uma vez eu e Rafael Lindoso tivemos a oportunidade de participar. Naquela ocasião o Paleontólogo Manoel Alfredo Medeiros me fez a seguinte proposta:
- Emílio, tu não quer tomar de conta das expedições aqui em Brejo?
- Não sei, vou pensar.
- Olha, aqui tem material que dar um mestrado e muito provavelmente um doutorado em Paleontologia.
- Vou pensar.
Eu pensei e recusei, não era muito “a minha praia” estudar peixes e artrópodes fossilizados, nem a do Rafael Lindoso que era apaixonado por dinossauros. Mais como não apareceu nenhum novo dinossauro no Maranhão enquanto o Lindoso foi estudante, ele acabou assumindo as expedições em Brejo e se dedicou a fazer a prova de mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Museu nacional e o resultado? Passou entre as primeiras colocações no Programa de Pós-graduação em Geologia no instituto de Geociências da UFRJ. Daqui a menos de um ano ele será mais um paleontólogo no Brasil e um jovem com seu sonho realizado. E quanto à foto, foi tirada no museu Paleontologico Ernesto Bachmann localizado na cidade de Neuquen, Patagônia. O museu foi erguido em cima dos restos fossilizados do Gigantossauro, grande idéia essa. Para uma vida ter sentido é preciso sonhar acordado, por que nem sempre agente lembra do que sonhou na noite anterior, então estipule metas na vida e corra atrás, e se não chegar, você irá perceber que valeu a pena ter tentado.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sobrenatural


AVISO
(Para preservar as pessoas envolvidas no episódio abaixo, resolvi não mencionar nenhum nome)

A foto a cima é uma base de estudos da Universidade Federal do Maranhão que abrigou estudantes de diversas áreas da biologia. Está localizada próxima a cidade de Urbano Santos, numa área de Cerrado maranhense. Eu não sei se ainda está ativa, mais durante todos os anos que fui aluno do curso de Ciências Biológicas, vários grupos de estudantes desenvolveram pesquisas, beberam bebidas alcoólicas, contaram boas piadas, contaram piadas infames, despertaram mais amor pela sua área de estudo ou odiaram as idas para campo nesse local. Em um dia ensolarado, um grupo de estudantes praticava um método de estudo chamado “procura ativa”, é um método que uma pessoa procura ativamente na mata, durante um determinado tempo, algum animal. Esse grupo específico, procurava anfíbios e répteis em determinadas trilhas já marcadas. O dia fazia muito sol, a procura é proveitosa, alguns animais são encontrados. Alem desse método de encontrar esses animais, o grupo colocou armadilhas espalhadas em pontos específicos da área da fazenda. Essas armadilhas são visitadas e as vezes algum anfíbio, lagarto ou uma pequena serpente é capturada, é um método chamado de armadilhas de interceptação e queda (pitfall). Não confundir com o jogo eletrônico lançado para o video game Atari em 1982 onde controlamos o personagem Pitfall Harry através de uma floresta em forma de labirinto tentando recuperar vários tesouros em determinado tempo. Quem trabalha estudando anfíbios e répteis é chamado de Herpetólogo, e esse profissional tem que procurar esses animais tando de dia como a noite, por isso é uma área da biologia que requer muita dedicação, paciência e tem que gostar muito de estar na mata. A noite chega, é um céu sem estrelas e sem lua, hum herpetólogo não entra na mata em dias de lua, pois a claridade desse astro inibi a saída de alguns animais de suas tocas. Os ventos alísios de nordeste trazem uma corrente de ar fria, as árvores estão se movendo lentamente.
- Todos prontos?
- Sim, está todo mundo de botas 7 léguas, calça jeans, lanterna e facão.
- Vamos então, silencio a partir de agora.
O grupo entra na mata, cada um no seu percuso, o que se ouvena mata depende da estação, a vocalização de alguns sapos e perecas, em rituais de acasalamento e defesa de território, é ouvido apenas em épocas de chuva. As lanternas procuram ativamente por esses animais, animal encontrado, animal registrado. Dependendo da espécies alguns são capturados outros não, em alguns pontos das trilhas da de se ouvir o barulho das águas calmas do Rio Mocambo, esse rio que mais parece um riacho refrescou inúmeros estudantes em fins de tarde. Essas saídas no campo provocavam divesas reações dependendo do horário, alguns não sentiam nada, outros quando se aproximavam do rio sentiam vontade de “pássar um fax” (cagar) no meio do mato . Um grande colega meu me disse que gostava de andar sozinho, ficava viajando como se fosse um bicho selvagem ali, sabia onde tinha ninhos de certas espécies de vespas, de aves, onde encontrava certas espécies de lagartos, esse cara tem até vontade de ganhar uma boa grana e comprar a fazenda para ir pra lá passar umas duas semanas por semestre, uma temporada na estação chuvosa e outra na estação seca do ano. Tudo isso para poder apreciar as peculiaridades de cada tempo e as variações do ambiente ao longo das estações. Sempre que aparecia um marinheiro de primeira viajem pegava alguns sustos com o barulho das árvores rangendo ou uma coruja em seu canto cavernoso rasgando o silêncio da mata escura e fria. Fim do tempo de procura ativa, todos retornam a base, conversas fiadas pra cá, conversar pra lá, algumas vezes uma discussão um pouco mais séria sobre um artigo científico publicado em uma revista especializada no assunto, e nesse dia especificamente estão todos sentados na varanda da casa e um barulho de algo correndo na mata chama atenção de todos:
- O que é aquilo?
Todos olham na mesma direção e o que se vê são as folhas de arbustos sacudirem de forma intensa, como se algo estivesse fugindo mata adentro. Todos que estão ali observam algo de menos de um metro de altura ir pelas matas em direção ao Rio Mocambo.
- Pega uma lanterna, eu vou com uma e tu com outra.
- O que tu acha que é aquilo?
- Deve ser uma raposa, vamos la conferir.
Uma das meninas que estavam no grupo diz:
- Deixa isso pra lá. Biólogo é bicho doido mesmo, não pode ver um bicho no mato que sai correndo pra ver.
- Fiquem ai, agente vai lá rapidinho.
Saíram os dois pela trilha que leva ao rio, escuro total, o que se dava pra ver era onde batia a luz da lanterna, a noite estava fria e sem chuva, nenhuma vocalização de anfíbios, nada de grilos, o que se ouvia era os passos apressados de dois jovens atrás de algo que ninguém sabia o que era. Durante o percurso, outra corrida do animal e os dois jovens param.
- Espera aí.
- Olha lá.
- Vamos fazer o seguinte, eu vou pela esquerda e subo em cima do morro na beira do rio e tu vai pela direita, agente vai com as lanternas apagadas, ligamos ao mesmo tempo ao meu sinal.
- Beleza.
Assim foi feito, eles chegaram ao rio e se posicionaram, um ficou em uma ribanceira nas margens do rio e outro subiu até a metade de uma árvore que ficava na beira do rio, ambos se olham e dão um sinal com a cabeça de que é a hora de ligarem a lanterna onde os arbustos tinham se agitado pela última vez, quando ambos ligam a lanterna eles dão de cara com algo que iria mudar suas vidas a partir daquele dia, a pupila de ambos se dilata, o coração dispara e muito sangue é bombeado pelas artérias a várias partes do corpo, os sentidos ficam mais aguçados, pelos ficam eriçados, todos esses sintomas são sinais de alerta que o corpo emitem sempre que estamos em perigo, uma verdadeira descarga de adrenalina. Eles não acreditam no que estão olhando, um olha para o outro para ter certeza de que o seu companheiro esta vendo a mesma coisa, e os dois se vem bastante assustado, olham novamente para as margens do rio e com a luz da lanterna focando aquilo que outrora passava por arbustos, viram uma pessoa da cintura para baixo, ou seja, duas pernas humanas muito branca sem o tronco. Essas pernas começam a correr e os dois acompanham a corrida com o foco da lanterna, é uma corrida na beira do rio, pingos são lançados no ar a cada passada e os dois amigos levantam a lanterna de cima a baixo e não conseguem ver o corpo, somente duas pernas humanas muito branca correndo nas margens do rio a menos de trinta metros deles, que entra na mata e o silêncio reina mais uma vez na mata, o que se ouve mais uma vez são as árvores rangendo devido ao vento da madrugada.
- Tu viu o que eu vi?
- Vi sim
- O que era aquilo?
- sei lá
Os dois retornam a base em silêncio. E ouvi as pessoas perguntarem:
- O que era que passou correndo aqui?
- Nada não.
-Como nada?
- Nada, vamos dormi.
Todos entram sem entender, mais estava estampado no rosto de ambos o que viram não foi algo natural. Estavam pálidos, trêmulos, olhos esbugalhados. Nenhum dos dois continuou fazendo trabalhos de campo, abandonaram o campo, mudaram suas vidas, hoje essas duas pessoas fazem coisas totalmente diferente do que faziam antes desse dia. Quando eu lembro desse fato, me recordo sempre a uma frase de William Shakespeare, onde ele diz que: “Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia." Realmente, determinadas situações e lugares mudam o rumo de nossas vidas e idéias que temos.

domingo, 5 de setembro de 2010

Buenos Aires


Um poeta já falou vendo um homem em seu caminho: “O lar do passarinho é o AR e não o ninho” e eu voei...e conheci nossos vizinhos hermanos na Argentina. Nessa viajem, antes de tocarmos o solo argentino entramos num tubo que fazia a ligação entre o avião e o salão do aeroporto, nesse caminho já dava pra sentir a diferença de temperatura entre os 21 °C de dentro do avião e os 10 °C do lado de fora. Nessa descida, meu colega Rafael Lindoso fez uma colocação nada feliz de um típico nordestino acostumado com temperaturas médias de 32°C.
- Caramba, o ar condicionado aqui nesse aeroporto é potente.
- Rafael, essa é a temperatura aqui na Argentina agora, não é ar condicionado.
- Tu é louco? Isso é o ar condicionado do aeroporto.
Entramos no salão de desembarque e fomos direto para a porta do aeroporto, deixamos as malas e mochilas e fui procurar um caixa para realizarmos nosso primeiro saque de dinheiro em território estrangeiro. Engraçado, eu perdia 2,5 dólares de imposto por saque realizado. Eu percebi isso quando saquei duas vezes e percebi que tinha perdido quase vinte reais do dinheiro que estava na minha conta. Retorno ao aeroporto e a essa altura todos percebem que não tinha ar condicionado no aeroporto era na verdade um aquecedor, do lado de fora do aeroporto era que estava realmente frio. De táxi fomos até um albergue, acertado as contas e demos uma volta na vizinhança para nos familiarizarmos com o bairro Palermo. Ronny Barros decide ir com sua camisa do São Paulo Futebol Clube, no fim do dia com a temperatura já bem baixa, Ronny treme mais que vara verde, implorando o tempo todo para voltarmos para o albergue pois estava morrendo de frio, quase congelando. Voltamos para o albergue, banho quente, aquecedor ligado no quarto, noite tranqüila. Amanhece o dia:
- Vamos conhecer Buenos Aires ????
- Na hora.
Após tomar um café da manhã bastante reforçado, pegamos um mapa da cidade com os principais pontos turísticos da cidade, vimos que o metrô seria a opção mais viável, pois era barato e rápido. Pra quem nunca foi a Buenos Aires, o sistema de metrô da cidade, inaugurado em 1913, é o mais antigo da América Latina e de todo o Hemisfério Sul, você pode conhecer os quatro cantos da cidade pagando em média o equivalente a menos de cinco reais. Pois cada viajem custa apenas alguns centavos, sabendo disso e que cada saque realizado pagávamos 2,5 dólares de imposto, eu resolvi sacar todo o dinheiro que eu tinha na minha conta. Saque realizado, dinheiro na carteira, partimos para o metrô que na Argentina chama-se “subte”. O metrô de Buenos Aires é impressionante, é possível encontrar em suas instalações pinturas e murais originais e reproduções de diversos artistas alem de apresentações de música ao vivo. Nas escavações dos túneis, foram encontrados restos de mamute, mastodonto e de gliptodontes (mamífero extinto, membro da ordem Xenarthra ancestral dos atuais tatus, media cerca de 3 metros de comprimento e pesava cerca de 1,4 toneladas, sendo equivalente em forma e tamanho a um Volkswagen Fusca) todos estes restos de animais pré-históricos estão expostos na estação Juramento e na estação do Tronador. A Grande Buenos Aires é a terceira maior aglomeração urbana da América Latina, com uma população de mais de 13 milhões de habitantes e entre tantos argentinos, um malandro ou malandra, eu não sei quem foi, mete a mão no bolso da minha calça e leva minha carteira, com uma destreza e agilidade que impressionaria qualquer marginal da praça da Sé em São Paulo. Eu simplesmente não senti nada, pelo menos nos dois minutos que se passaram entre uma estação e outra. Ou melhor, eu senti muito foi depois, ao perceber que não tinha carteira e junto com a carteira foi embora, todo o meu dinheiro, meu cartão da caixa econômica, o outro cartão do Banco do Brasil, todos os meus documentos (identidade, CPF, Reservista), minha carteira de doador de sangue da Hemomar, minha carteira de alberguista e minha carteira de estudante.
- Ei pessoal, roubaram minha carteira.
O desespero toma conta do pessoal e eu não sei por que nessa hora, comecei a sorrir. E pensei: “ no final vai dar tudo certo”. Fomos à polícia do metrô, tentativa em vão, eles me orientaram a procurar a polícia federal, enquanto um policial argentino me explicava como eu deveria proceder, um colega dele também policial fazia boca de riso. O que será que este argentino pensou nessa hora? “Se fudeu brasileiro, hahahahaahah” devia ser algo do tipo. Na polícia federal também não foi diferente, ou melhor, foi pior.
- Buenos dias.
- Buenos.
- Eu vim prestar uma ocorrência de roubo, eu fui assaltado no metrô.
- São 10 pesos senhor, pra registrar uma ocorrência.
- O que? 10 pesos? Mais eu fui assaltado e levaram todo o meu dinheiro.
- Eu lamento senhor.
Da para acreditar numa coisa dessas? Eu pensei que era um argentino querendo se dar bem em cima de uma desgraça de um brasileiro, mais nessa hora chegou um argentino que também estava La por que tinha acabado de ser assaltado e o policial diz:
- São 10 pesos senhor, pra registrar uma ocorrência.
Nessa hora pude acreditar no inacreditável, para minha sorte, meus amigos me emprestaram dinheiro e registrei a ocorrência, de lá fui até a embaixada brasileira na argentina e mostrei a ocorrência, isso era necessário para poder tirar um documento para sair da Argentina. O pior que não bastava apenas o registro da ocorrência, nessas situações, você tem que ter mais duas testemunhas que conhece onde você mora, para minha sorte, eu andava com minha namorada (Mayra Nina) e meus colegas (Ronny Barros e Flavinha). E se eu estivesse andando na cidade sozinho e acontecesse isso? Não quero nem imaginar uma situação dessas, ou quem já passou por isso. Depois de passar alguns dias Argentina vivenciando uma outra cultura e uma outra moeda, posso dizer que agora eu sou um poeta vendo um homem a caminhar e digo que: “O lar de um passarinho é o NINHO e não o ar” e eu voltei... para o meu bom e maravilhoso Brasil.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ilha do Cajual


No outono de 2007, eu levei um grupo para conhecer de perto a Ilha do Cajual. Há mais ou menos 95 milhões de anos caminhavam nessa ilha alguns animais hoje extintos, era um local com algumas plantas que pareciam samambaias, espalhadas ao longo de praias no litoral e alguns pântanos. Nesses pântanos, ocorriam crocodilos e os maiores predadores que o mundo já viu... os dinossauros. Entre os dinossauros já descritos pela ciência, a Ilha do Cajual comportou dois pesos pesados, o espinossauro e o carcharodontossauro. Ainda bem que eles não estavam la quando eu e um grupo de jovens resolvemos ver o que sobrou desses animais extintos a milhões de anos, ou seja, os seus fósseis. Chegando na ilha, após atravesar a Baía de São Marcos e o canal do Boqueirão em um Catamarã, colocamos as mochilas, mantimentos e as barracas na praia deserta e fomos conhecer as falésias da ilha e entender como ocorre o processo de preservação de restos orgânicos que se chama fossilização. Caminhando alguns quilômetros de praia deserta chegamos a primeira falésia, depois de algum tempo fomos para a segunda falésia, o grupo ficou empougado e o sol da tarde é encoberto por nuvens de chuva, derrepente o céu está fechado e começa a chover. Eu disse:
- Galera, vamos voltar rápido e armar as barracas e colocar nossas coisas dentro por causa da chuva.
Barracas arrmadas, chuva na praia, raios, o som dos pingos d´agua na vegetação da Ilha e nessa hora surge uma das paixões nacional, uma bola de futebol. Começa uma pelada na chuva, numa praia deserta, numa ilha quase deserta, exceto por alguns moradores no centro da ilha, mais distante de onte estávamos. A noite chega e tudo estar perfeito, Adjaci aparece com uma bandeija de 40cm de circunferência cheia de arroz e frango, farofa, pães, água, até misto levaram. A fogueira é feita e um violão surge na noite, a essa altura uma garrafa de 51 está quase seca e o vento leva o som dos versos de Renato Russo, vocalista do Legião Urbana, para o interior da ilha:
-“ Será só imaginação, será que nada vai acontecer...”
É realmente será que não iria acontecer nada? Aconteceu. Do interior da ilha saiu um Austríaco que mais parecia a Xuxa Menegel com uma certa dose de testosterona. Ele chega próximo a fogeira e começa a conversar com os jovens, nessa hora eu me aproximo:
- Boa noite.
- Boa noite. A xuxa responde, ou melhor o austríaco que depois o pessoal ficou chamando de “gringo”.
- Algum problema? Eu preguntei.
- Você é o responsável por esse grupo?
- Sim, o que aconteceu?
Esse austríaco estava em uma casa de propriedade de uma ONG chamada AMAVIDA, ele estava incomodado com o som que os jovens estavam cantando, enquanto eu conversava com ele, eu percebo Ana Paula passar perto e falar ao celular:
- Mãe, tem um gringo aqui que ta dizendo que se agente não para de fazer barrulho vai matar agente!!!
Meu Deus, que merda que a Ana Paula ta falando com a sua mãe? Um outro jovem, o Stênio, pega uma tora de madeira e pensa em resolver as coisas de um jeito nada amistoso, conversa vai conversa vem, eu digo para todos se acalmarem e o gringo retorna a seus aposentos com a idéia de que as músicas iriam parar.
- Pessol se vocês quiserem cantar, podem cantar, mais cantem mais baixo. Agente tá em uma ilha isolado de tudo, se acontecer alguma merda aqui é complicado resolver. Aqui não tem nada e o próximo barco que chegará vai ser o nosso catamarã amanhã a tarde.
A noite continua, a bebida tambem, as músicas são variadas desde Manonas Assassinas até Red Hot Chili Peppers, Rômulo não consegue dar três passos sem cair de cara na areia e chega uma hora que temos que dormi. No outro dia, vamos conhecer a famosa Laje do Coringa, um grupo de rochas que fica exposta apenas quando a maré está baixa, o sol é muito forte mais fomos até la, passando por quase dois quilômetros de lama até chegar na Laje. Conseguimos ver alguns fósseis e retornamos para uma sombra na beira de uma falésia. Sol escaldante, calor infernal. Alguem que eu não recordo me diz que a Mariana Pinho não estar se sentindo bem, ela estar na barraca, fui até la.
- O que tu ta sentindo Mariana?
- Tô com corpo ruim.
- O catamarã ta pra chegar, da pra aguentar?
- Dá.
Isso já era depois do almoço, e o Catamarã iria chegar umas quatro da tarde. De subido o tempo muda, de calor infernal, nuvens muito carregadas cobrem o céu.
- Pessoal coloquem as coisas nas barracas, vai cair um temporal.
Nessa hora todo mundo se ajuda, principalmente Ronny, Fernanda e Flávia que eu tinha convidado para me darem uma força nessa viagem. Eu entro na barraca da Mariana e ela diz que está sentindo uma dor muito grande nas pernas. O temporal começa, a temperatura cai de uma forma dramática, Mariana diz sentir muito frio, eu começo a colocar os seus cobertores em suas pernas.
- Ei pessoal, tragam cobertores para cá rápido!!!
Várias pessoas começam a levar cobertores para lá, Mariana diz não sentir as pernas. Eu pego no seu pé e aperto com muita força:
- Ta sentindo alguma coisa?
-Não
Ela ta com princípio de hipotermia, eu pensei. A chuva aumenta e a barraca rasga e começa a entrar água na barraca, Rômulo fica na entrada da barraca juntando água que se acumula na barraca e joga para fora, eu chamo mais gente para ficar abraçando Mariana para tentar esquentá-la. Saio correndo La para a base da AMAVIDA na esperança do Austríaco ter algo, ele me consegue um papel aluminho enorme. Perfeito! Chegando à barraca eu coloco o papel por cima da Mariana.
- Emílio, eu não sinto mais meu corpo e não to conseguindo respirar direito.
Nessa hora não da pra se fazer nada, só esperar. O Catamarã chega, Mariana é colocada no barco e no meio da viagem eu ligo para o meu primo (Filho) que imediatamente foi de carro La para o porto do cais nos esperar para levar Mariana ao hospital, ao longo do retorno eu fico com Marina o tempo todo, ele volta ao normal aos poucos e quando chegamos ao cais, ela consegue sair andando e dizer que não precisava ir ao hospital. Dias depois eu fiquei sabendo que ela estava com dengue antes da viajem mais não falou nada a ninguém, pois queria muito conhecer as ilha dos dinossauros.