sábado, 30 de outubro de 2010

No Alto da Montanha


Na Ásia, entre o Nepal e o Tibete existe um grupo de montanhas conhecidas como cordilheira do Himalaia, ao todo são mais de 100 montanhas que passam dos 7.000 metros de altura. Entre essas montanhas o monte Everest é o mais alto, a sua altura muda todos os anos devido ao movimento das placas tectônicas que empurram o monte cada vez mais pra cima e já está com mais de 8.840 metros. O cume desse monte foi alcançado pela primeira vez em 1953 por Edmund Percival Hillary (provavelmente o mais famoso alpinista do mundo) e Sherpa Tenzing Norgay. O Aconcágua, localizado nos Andes argentinos aqui na América do Sul é o segundo pico mais “próximo do céu” com mais de 6.960 metros. Outro pico bem conhecido mundialmente que fica no norte da Tanzânia na fronteira com o Quênia é o Kilimanjaro na África, considerado o 4º ponto mais alto do planeta, é classificado pela UNESCO como patrimonio da humanid. Possui o chamado “gelo eterno” que está derretendo consideravelmente, especialistas no mundo inteiro usam fotos desse pico para afirmar um dos efeitos do aquecimento global. Aqui no Brasil é o Pico da Neblina no norte do Amazonas que possui o ponto mais alto, com 2.994 m (1/3 do monte Everest, impressionante!). HÁ poucos dias, Rafael Meneses que está comigo na foto acima, me disse ter subido no 3º ponto mais alto do Brasil, o Pico da Bandeira em Minas Gerais. A foto acima foi tirada no último feriado de Carnaval, 3 casais (Eu e Mayra, Rafael Meneses e Gisele, Manuela e Andersom) resolvemos “subir um morro!”. Fomos até o sul do Maranhão, escolhemos um e quando estávamos no cume eu falei com a Gisele:
- Gisele, tira uma foto aqui. Pode ser?
- Ta. Sem problema.
O click da máquina de 12 megapixels congelou a imagem logo acima, os olhos de quem esta nas alturas gravam o que é visto, o cérebro sente as sensações de prazer e medo e o corpo descansa. Só quem chega ao cume de qualquer montanha, morro ou monte é que pode sentir algo ou não, vai depender do estado de espírito de cada um. Mais a sensação que muitas pessoas sentem, é o que faz não parar de subir, e é essa sensação que já levou várias pessoa a morte em escaladas no mundo todo. É uma sensação que nem mesmo o risco da morte consegue impedir e o alpinista gosta desse prazer, quando se chega ao cume é que valorizamos mais a vida, por que nos damos conta de que existe muitos morros, montes e montanhas para escalar, e a sensação que sentimos vai se repetir muitas outras vezes.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sala de aula


É engraçado, essa semana ocorreu uma situação curiosa numa turma que eu ministro aula, mais precisamente em uma turma de 8º série (9° ano) do ensino fundamental. Quem é professor ou já foi professor sabe que na sala de aula acontecem algumas situações que marcam, seja de uma forma positiva ou negativa, mais marca.
Situações inesperadas: um aluno se levanta e dar uma lição de moral em um colega, dizendo que se o aluno que estava bagunçando não queria nada com a vida, ele queria, queria ser alguém na vida e chamou o aluno bagunceiro pra porrada, uma turma uma certa vez me fez uma festa de aniversário surpresa e depois de cantar os parabéns começou uma guerra de comida e a sala ficou uma porcaria.
Situações inacreditáveis: eu já dei aula para três turmas ao mesmo tempo com atividades diferentes (quem acha que isso só acontece em escola pública, isso foi em uma escola particular), acertei as questões de 3 vestibulares da UFMA, depois que eu acertava, os alunos diziam que eu tinha algum esquema na UFMA para acertar as questões, um aluno de 12 anos que discutiu comigo uma vez a teoria da evolução de Charles Darwin com argumentos que impressionava.
Situações nojentas: eu já presenciei uma aluna limpando a orelha com a blusa de farda, uma outra que tirava meleca do nariz e comia, uma que sempre estava com as axilas muito fedidas, dentes com cáries, um aluno que se cagou e todo mundo ficou rido da cara dele e por ai vai.
Situações emocionantes: apesar de dar certa emoção ver um ex-aluno fazendo um curso superior em uma boa faculdade, ser escolhido no final do ano pra ser o padrinho da turma de terceiro ano, ser disputado entre os alunos para ser o professor que irá orientá-los na feira de ciências ou ser escolhido pela turma para ser o professor conselheiro, nada me emociona mais do que uma situação bem simples, quando eu termino minha aula e vem um aluno ou aluna no corredor da escola ou no pátio e diz: “Poxa Emílio, essa aula foi massa”. Pra mim, não tem dinheiro que pague isso.
Mais o que aconteceu comigo essa semana eu não consegui enquadra em nenhuma das categorias ai citadas, eu tinha passado uma atividade e alguns alunos tinham terminado e outros ainda faziam, faltavam 10 minutos para terminar o horário naquela turma. Eu me sentei, apoiei meus braços na mesa do professor e fiquei esperando o horário terminar foi quando eu me deparo com um aluno fazendo um desenho do Diego Maradona batendo bola com o Pelé, quando eu vi aquilo eu perguntei:
- Elemento, tu sabe fazer caricatura?
- Sei professor, mais eu não faço mais não.
- Porque não?
- Por que uma vez eu desenhei um professor e deu a maior confusão, ele não gostou e me levou pra secretaria. Levei a maior bronca. Fiquei traumatizado depois disso, desde então nunca mais fiz caricatura de ninguém.
- Faz uma caricatura minha elemento.
- Tu é doido professor, Deus me livre.
- Faça moço, não estou te falando pra fazer?
- É sério professor?
- É rapaz, faz ai.
- Ta bom.
Esse meu aluno começou a rabiscar, somente um aluno que sentava atrás dele de início percebeu a situação, depois veio mais um colega e uma aluna que sentava ao lado. Em poucos minutos ele terminou a caricatura (essa que está ai em cima) e durante as rabiscadas de lápis desse garoto me veio na cabeça o que diz a “Psicologia objetivista” que afirma que todo o conhecimento de uma pessoa vem a partir da experiência, que tipo de conhecimento esse aluno obteve com a experiência do professor que o levou pra secretaria por causa de uma caricatura? Alem dessa teoria, no passado existiu um biólogo que pouca gente sabe que ele foi biólogo, pois ele aparece mais nos cursos de licenciatura e nos cursos das áreas humanas, ele é o Jean Piaget. Ao contrário da Psicologia objetivista, resumidamente ele afirmava que todo o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é “ativada” pela ação e interação da pessoa com o meio ambiente. No caso da caricatura, o que teria acontecido com o processo do meu aluno quando a ação do professor foi de levar ele na secretaria? Será que existiu uma interação? Uma correção? Uma humilhação? Uma privação? Uma educação? Uma... nessa hora ele me entregou a caricatura que eu acabei gostando e resolvi colocar ela na prova próxima prova que eles irão fazer comigo, ao lado do cabeçalho. E voltando a o que será que aconteceu com o meu aluno, deixo aqui a critério de quem ler isso aqui e tire sua própria opinião, eu ganhei uma caricatura e você o que achou?

sábado, 9 de outubro de 2010

Brasilotyphlus guarantanus


Madagascar é um país da África formado pela Ilha de Madagascár e algumas ilhas próximas. Esse país possui o canal de Moçambique a oste e o Oceano Índico a leste. Esse país tem muitas montanhas e animais exclusivo de la como os lêmures. Só que na década de 90 Scott Sampson, da Universidade de Utah, e cientistas da Universidade do Estado de Nova Iorque descobriram os restos de muitas criaturas fossilizadas na Ilha de Madagascár, entre os fósseis encontrados estava restos de um dinossauro do gênero Masiakasaurus, a julgar pelos seus dentes, era um animal carnívoro de uns dois metros de comprimento. O dente principal do maxilar inferior projeta-se para fora, e não para cima, e os incisivos são alongados e cônicos enquanto que os molares são achatados e serrilhados. Estas características fizeram Scott Sampson afirmar:

- Este é uma nova espécie de dinossauro. Uma das coisas curiosas sobre ele é que seus parentes mais próximos estão na distante Argentina.

É comum, em trabalhos de campo na área de biologia, alguém levar músicas que são ouvidas a noite ou mesmo alguém que toque violão para animar as noites. E esse grupo de cientistas em Madagascar não era diferente, a banda que eles ouviam era Dire Straits, uma banda de rocky Britânica formada em 1977 por Mark( guitarra e vocais), seu irmão David Knopfler (guitarra), John Illsley (baixo) e Pick Withers (bateria). Entre suas canções mais conhecidas estão "Sultans of Swing", "So Far Away", "Money for Nothing", e "Brothers in Arms". Como o grupo de cientistas estava diante de uma nova espécie de dinossauro, teria que batizalo, com isso fizeram uma homenagem ao vocalista do Dire Straits o Mark Knopfler, eles então batizaram o dinossauro encontrado de Masiakasaurus knoplferi. Essa publicação pode ser encontrada na revista Nature 409, publicada em 25 de Janeiro de 2001. O que essa história tem haver com o elemento que está na foto acima? Bem o nome dele é Adriano Maciel, hoje ele é mestre em Zoologia e está no Departamento de Zoologia do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará. Eu conheci esse rapaz ainda na graduação, do curso de Ciências Biológicas da UFMA em São Luís e nossa amizade ficou mais próxima quando descobrimos que tínhamos um ponto em comum, nos dois gostamos muito do eterno “maluco beleza”, ou seja, do Raul Seixas. O Adriano era um cara que estudava cecílias na graduação e continua até hoje. As cecílias são anfíbios sem patas escavadores ou aquáticos que ocorrem em habitats tropicais do mundo todo. Uma vez eu conversei com ele a respeito disso:

- Bicho, tu conheceu cecílias com que idade?
- heheh, nem lembro. Foi em 2003 a primeira vez tinha uns 23 anos.
- Já na faculdade?
- sim, em Urbano Santos.
- Elemento, o que te fez ser atraído pelas cecílias?
- Cara, quando coletei as primeiras, me empolguei pelo fato de serem anfíbios altamente diferente do convencional conhecimento do que é um anfíbio. Mas me empolguei pra estudar mesmo, depois que comecei a conhecer a literatura e ver o quanto esses bichos são enigmáticos e desconhecidos.
- Beleza, e depois que tu conheceste um pouco mais? Mudou alguma coisa?
- Pretendo continuar estudando esses bichos, mas se não for viável pro doutorado vou mexer no doutorado com Anura ( a ordem de anfíbios que estão sapos e pererecas) mas sempre disposto a descrever uma espécie que aparecer ou historia natural, etc
- ok.

Durante o seu mestrado, o Adriano teve uma boa surpresa, assim como existe dinossauros do gênero Masiakasaurus, existe cecílias do gênero Brasilotyphlus e este elemento encontrou uma nova espécie de cecília do gênero Brasilotyphlus. Essa nova espécie, que esta na foto acima, foi encontrada no município de Guarantã do Norte, estado de Mato Grosso e em homenagem ao município, Adriano Maciel junto com mais dois pesquisadores deram o nome a nova espécie de cecília encontrada aqui no Brasil de Brasilotyphlus guarantanus. Eu achei uma puta de uma sacanagem essa ai do Adriano, se eu tivesse no lugar dele faria o que o Scott Sampson fez, mais o homenageado seria o pai do rocky nacional, poderia ser Brasilotyphlus seyxas ou Brasilotyphlus raulzytus. Mais fazer o que, eu não sei se os outros caras que publicaram com Adriano gostavam de Raul. Essa publicação do Adriano pode ser encontrada na Zootaxa 2226: 19–27 do ano 2009. No seguinte endereço eletrônico:www.mapress.com/zootaxa/.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sarney, Alguém conhece?

(Atenção, a história e o personagem são fictícios, mais os locais existem, quem quiser pode conferir)

Em 1983, na Maternidade Marly Sarney, em São Luís, nasce um bebê de olhos esbugalhados, pernas tortas e com um cabeção. Os Pais ao receberem o menino tiveram que colocar um nome:
- Cauã?
- Janequine?
- Já sei amor. Vamos chamá-lo de Zé Ninguém.
- Perfeito!
Zé Ninguém cresceu no Bairro Vila Sarney, viveu nesse bairro até os 4 anos de idade, quando a família resolve mudar-se para a Vila Sarney filho. Chegando lá, não conseguem se adaptar, ruas esburacadas, lixo e esgoto a céu aberto e muita poluição sonora. A família resolve então mudar-se para a Vila Roseana Sarney, o Zé Ninguém vive parte de sua infância nessa vila e na Vila Kiola Sarney, conhece vários amigos, mais com o passar dos anos, tem seus amigos mortos por causa da violência do local. Zé ninguém é enviado ao interior do estado, pois seus parentes conseguem uma vaga em uma boa escola em Pindaré Mirim, a Escola José Sarney Costa, nessa escola o índice de bagunça é muito grande então Zé Ninguém resolve mudar-se para Santa Inês e se matricula na Escola Senador José Sarney, é um período de boa adaptação mas, ocorre uma tragédia na família de Zé Ninguém em Santa Inês, todos estão desempregados e como são todos analfabetos, tiveram que se retirar ao município de Cidelândia, que fica na região do bico do papagaio, próxima a Imperatriz, lá Zé Ninguém consegue uma vaga na Escola Municipal Presidente José Sarney mais o ano já está perdido e Zé Ninguém reprova de ano. Um belo dia um assaltante entra em sua casa e mata todos da família, Zé Ninguém é o único a escapar por que estava trabalhando como vigia de cemitério, ao chegar em casa percebi a tragédia e parte para outra cidade. Zé Ninguém agora chega a Lagoa do mato e termina seus estudos na Unidade Integrada Senador José Sarney, e acompanha notícias através da TV Mirante que é de propriedade de José Sarney. Zé Ninguém começa a perceber que alguma notícias não são comentadas.
- Que porra é essa? Vou começar a ler jornais da banca.
Chegando na Banca, Zé Ninguém pergunta:
- Qual o jornal que vocês vendem aqui?
- Jornal o Estado do Maranhão (de propriedade de José Sarney)
- Eu vou levar.
O tempo passa e ele percebe que as notícias que saem no jornal o Estado do Maranhão é muito parecidas com os que saem no JMTV da TV Mirante.
- Que porra é essa?
Uma noite ele ouvia as rádios Mirante AM e FM, ambas de propriedade de José Sarney, e é anunciado o vestibular agendado de uma universidade particular em São Luís. Alguns de seus amigos haviam falado que essa universidade era boa e que o dono era um tal de José Sarney. Zé Ninguém então pensa:
- Poxa, vou voltar pra capital e estudar, ser alguém na vida.
Ele pega um ônibus na rodoviária rumo a sua cidade natal, no caminho passa por várias cidades entre elas Joselândia, Presidente Sarney e outras. Chegando então a capital do estado do Maranhão na Rodoviária Kiola Sarney. Zé Ninguém desse e sem lugar pra ir, entra em um coletivo e desce na Praça Deodoro onde ele encontra a Biblioteca José Sarney. Zé Ninguém entra na biblioteca e procura livros para estudar, entre esses livros ele encontra vários livros como: A pesca do curral de 1953, Brejal dos Guajás e outras histórias, 1985. Tempo de pacotilha, 2004. Todos de autoria de um certo homem chamado José Sarney. Zé Ninguém então resolve procurar livros de contos e encontra: Norte das águas, 1969 e Dez contos escolhidos, 1985. Ambos de José Sarney. Parte então para e estante de livros de crônica e ver: Sexta-feira, Folha, 1994. A onda liberal na hora da verdade, 1999. Canto de página, 2002 e Semana sim, outra também, 2006 e para sua surpresa, todos de autoria de José Sarney, Zé Ninguém resolve ir para o estante de livros de literatura, entre eles um lhe chama atenção: O dono do mar de 1995.
- Dono do Mar? O que será que significa isso? E esse autor? José Sarney...eu acho que eu já ouvi esse nome em algum lugar.
Zé Ninguém Saia da Biblioteca José Sarney, entra no ônibus que passa por cima da Ponte José Sarney, segue pela Avenida José Sarney e vai para casa.Tempos depois passa no vestibular para o curso de administração, no curso ele percebe que as contas públicas do seu estado não são tão bem administradas e ele resolve ir ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney, Zé Ninguém não é tão bem recebido e resolve reclamar e se dirige ao Fórum José Sarney.
- Bom dia vigia.
- Bom dia.
- Eu to aqui querendo fazer uma reclamação, onde fica a sala de Impressa?
-Pergunte ali na sala da recepção.
- Obrigado.
Zé Ninguém se aproxima da uma mulher que está atrás de um balcão onde tem uma placa como o nome recepção.
- Bom dia.
- Bom dia senhor, em que posso ajudá-lo?
- Onde fica a sala de imprensa aqui? Quero fazer uma denúncia.
- Olha, a sala de Imprensa Marly Sarney fica logo ali no final desse corredor, logo após a sala de Defensoria Pública Kiola Sarney.
- Sarney?
- Isso, por que?
- Eu acho que já ouvi esse nome em algum lugar.
- Que tipo de denúncia você quer fazer?
- Eu queria saber quem foi que disse que Deus é brasileiro, que existe ordem e progresso,enquanto a zona continua no congresso?
- Eu não sei.
- Eu queria saber quem foi que disse que os homens nascem iguais? Quem foi que disse que dinheiro não traz felicidade? Quem foi que disse que os homens não podem chorar?
- Eu não sei. Mais quem é o senhor mesmo?
- Eu não sou ministro, eu não sou magnata, eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém. Aqui embaixo, as leis são diferentes.