AVISO
(Para preservar as pessoas envolvidas no episódio abaixo, resolvi não mencionar nenhum nome)
(Para preservar as pessoas envolvidas no episódio abaixo, resolvi não mencionar nenhum nome)
A foto a cima é uma base de estudos da Universidade Federal do Maranhão que abrigou estudantes de diversas áreas da biologia. Está localizada próxima a cidade de Urbano Santos, numa área de Cerrado maranhense. Eu não sei se ainda está ativa, mais durante todos os anos que fui aluno do curso de Ciências Biológicas, vários grupos de estudantes desenvolveram pesquisas, beberam bebidas alcoólicas, contaram boas piadas, contaram piadas infames, despertaram mais amor pela sua área de estudo ou odiaram as idas para campo nesse local. Em um dia ensolarado, um grupo de estudantes praticava um método de estudo chamado “procura ativa”, é um método que uma pessoa procura ativamente na mata, durante um determinado tempo, algum animal. Esse grupo específico, procurava anfíbios e répteis em determinadas trilhas já marcadas. O dia fazia muito sol, a procura é proveitosa, alguns animais são encontrados. Alem desse método de encontrar esses animais, o grupo colocou armadilhas espalhadas em pontos específicos da área da fazenda. Essas armadilhas são visitadas e as vezes algum anfíbio, lagarto ou uma pequena serpente é capturada, é um método chamado de armadilhas de interceptação e queda (pitfall). Não confundir com o jogo eletrônico lançado para o video game Atari em 1982 onde controlamos o personagem Pitfall Harry através de uma floresta em forma de labirinto tentando recuperar vários tesouros em determinado tempo. Quem trabalha estudando anfíbios e répteis é chamado de Herpetólogo, e esse profissional tem que procurar esses animais tando de dia como a noite, por isso é uma área da biologia que requer muita dedicação, paciência e tem que gostar muito de estar na mata. A noite chega, é um céu sem estrelas e sem lua, hum herpetólogo não entra na mata em dias de lua, pois a claridade desse astro inibi a saída de alguns animais de suas tocas. Os ventos alísios de nordeste trazem uma corrente de ar fria, as árvores estão se movendo lentamente.
- Todos prontos?
- Sim, está todo mundo de botas 7 léguas, calça jeans, lanterna e facão.
- Vamos então, silencio a partir de agora.
O grupo entra na mata, cada um no seu percuso, o que se ouvena mata depende da estação, a vocalização de alguns sapos e perecas, em rituais de acasalamento e defesa de território, é ouvido apenas em épocas de chuva. As lanternas procuram ativamente por esses animais, animal encontrado, animal registrado. Dependendo da espécies alguns são capturados outros não, em alguns pontos das trilhas da de se ouvir o barulho das águas calmas do Rio Mocambo, esse rio que mais parece um riacho refrescou inúmeros estudantes em fins de tarde. Essas saídas no campo provocavam divesas reações dependendo do horário, alguns não sentiam nada, outros quando se aproximavam do rio sentiam vontade de “pássar um fax” (cagar) no meio do mato . Um grande colega meu me disse que gostava de andar sozinho, ficava viajando como se fosse um bicho selvagem ali, sabia onde tinha ninhos de certas espécies de vespas, de aves, onde encontrava certas espécies de lagartos, esse cara tem até vontade de ganhar uma boa grana e comprar a fazenda para ir pra lá passar umas duas semanas por semestre, uma temporada na estação chuvosa e outra na estação seca do ano. Tudo isso para poder apreciar as peculiaridades de cada tempo e as variações do ambiente ao longo das estações. Sempre que aparecia um marinheiro de primeira viajem pegava alguns sustos com o barulho das árvores rangendo ou uma coruja em seu canto cavernoso rasgando o silêncio da mata escura e fria. Fim do tempo de procura ativa, todos retornam a base, conversas fiadas pra cá, conversar pra lá, algumas vezes uma discussão um pouco mais séria sobre um artigo científico publicado em uma revista especializada no assunto, e nesse dia especificamente estão todos sentados na varanda da casa e um barulho de algo correndo na mata chama atenção de todos:
- O que é aquilo?
Todos olham na mesma direção e o que se vê são as folhas de arbustos sacudirem de forma intensa, como se algo estivesse fugindo mata adentro. Todos que estão ali observam algo de menos de um metro de altura ir pelas matas em direção ao Rio Mocambo.
- Pega uma lanterna, eu vou com uma e tu com outra.
- O que tu acha que é aquilo?
- Deve ser uma raposa, vamos la conferir.
Uma das meninas que estavam no grupo diz:
- Deixa isso pra lá. Biólogo é bicho doido mesmo, não pode ver um bicho no mato que sai correndo pra ver.
- Fiquem ai, agente vai lá rapidinho.
Saíram os dois pela trilha que leva ao rio, escuro total, o que se dava pra ver era onde batia a luz da lanterna, a noite estava fria e sem chuva, nenhuma vocalização de anfíbios, nada de grilos, o que se ouvia era os passos apressados de dois jovens atrás de algo que ninguém sabia o que era. Durante o percurso, outra corrida do animal e os dois jovens param.
- Espera aí.
- Olha lá.
- Vamos fazer o seguinte, eu vou pela esquerda e subo em cima do morro na beira do rio e tu vai pela direita, agente vai com as lanternas apagadas, ligamos ao mesmo tempo ao meu sinal.
- Beleza.
Assim foi feito, eles chegaram ao rio e se posicionaram, um ficou em uma ribanceira nas margens do rio e outro subiu até a metade de uma árvore que ficava na beira do rio, ambos se olham e dão um sinal com a cabeça de que é a hora de ligarem a lanterna onde os arbustos tinham se agitado pela última vez, quando ambos ligam a lanterna eles dão de cara com algo que iria mudar suas vidas a partir daquele dia, a pupila de ambos se dilata, o coração dispara e muito sangue é bombeado pelas artérias a várias partes do corpo, os sentidos ficam mais aguçados, pelos ficam eriçados, todos esses sintomas são sinais de alerta que o corpo emitem sempre que estamos em perigo, uma verdadeira descarga de adrenalina. Eles não acreditam no que estão olhando, um olha para o outro para ter certeza de que o seu companheiro esta vendo a mesma coisa, e os dois se vem bastante assustado, olham novamente para as margens do rio e com a luz da lanterna focando aquilo que outrora passava por arbustos, viram uma pessoa da cintura para baixo, ou seja, duas pernas humanas muito branca sem o tronco. Essas pernas começam a correr e os dois acompanham a corrida com o foco da lanterna, é uma corrida na beira do rio, pingos são lançados no ar a cada passada e os dois amigos levantam a lanterna de cima a baixo e não conseguem ver o corpo, somente duas pernas humanas muito branca correndo nas margens do rio a menos de trinta metros deles, que entra na mata e o silêncio reina mais uma vez na mata, o que se ouve mais uma vez são as árvores rangendo devido ao vento da madrugada.
- Tu viu o que eu vi?
- Vi sim
- O que era aquilo?
- sei lá
Os dois retornam a base em silêncio. E ouvi as pessoas perguntarem:
- O que era que passou correndo aqui?
- Nada não.
-Como nada?
- Nada, vamos dormi.
Todos entram sem entender, mais estava estampado no rosto de ambos o que viram não foi algo natural. Estavam pálidos, trêmulos, olhos esbugalhados. Nenhum dos dois continuou fazendo trabalhos de campo, abandonaram o campo, mudaram suas vidas, hoje essas duas pessoas fazem coisas totalmente diferente do que faziam antes desse dia. Quando eu lembro desse fato, me recordo sempre a uma frase de William Shakespeare, onde ele diz que: “Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia." Realmente, determinadas situações e lugares mudam o rumo de nossas vidas e idéias que temos.
É nessas horas que eu queria que um ateu estivesse.
ResponderExcluirCruz credo!
ResponderExcluirAte me assustei agora. Mas eu tambem ja tive uma experiencia sobrenatural em campo nada agradavel, mas enfim...
só tu mesmo elemento!
eu e um monte de gente ja deve ter passado por algo que nossa vã filosofia nem sonha...
ResponderExcluirMuito interessante, mas o que será que eles teriam olhado?
ResponderExcluirIsso que é intrigante.
ResponderExcluirAlgo que devia ser verificado mais profundamente,se realmente vcs terem visto o que pensam, imagine como a cabeça de todos mudariam. Hehe, que experiência ein Emílio!
ResponderExcluiruuh tenso ! acho que se fosse comigo, nem sei, acho que desmaiava ...
ResponderExcluirAinda dissem que o sobrenatural não existe! não existe pra quem nunca passou por uma situação dessa! muito boa essa história, mas e tu emílio nunca passou por uma situação parecida?
Positivo.
ResponderExcluirQuem são as criaturas que presenciaram tal fato? Fazem o que atualmente?
ResponderExcluirOlha, ta ai uma pergunta que infelizmente não da pra ser respondida Rafael.
ResponderExcluirEssa história foi muito boa, dá um filme!
ResponderExcluirVixe hahaha...eu pensei q essa história tivesse se passado na base de Panaquatira...pois eh neh...telefone sem fio distorce realmente a história kkkk...isso eh sinistro mesmo...ninguém mandou querer ser biólogo hehe
ResponderExcluirQuem terá sido esses dois elementos?? To aqui tentando imagionar quem são!
ResponderExcluirRapaz, tu além de biólogo poderia ser escritor! Gostei do conto!
Valeu diego, mais aconteceu deverdade. e os dois envolvidos tu chegou a conhecer la na bio.
ResponderExcluirCara, eu quero um pouco dessa maconha desses dois biologos aí. As daqui tão só os farelos. Gostei!
ResponderExcluirJairo Sade.
bom o que podera ser isso
ResponderExcluire realmente sobrenatural
sinistra essa historia
Biólogo só usa maconha pra estudos científicos. rsrsr
ResponderExcluirParabéns pelo texto. Consegui imaginar tudo que tu escreveste. Muito bem escrito!
ResponderExcluirObrigado Laura.
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