domingo, 5 de setembro de 2010

Buenos Aires


Um poeta já falou vendo um homem em seu caminho: “O lar do passarinho é o AR e não o ninho” e eu voei...e conheci nossos vizinhos hermanos na Argentina. Nessa viajem, antes de tocarmos o solo argentino entramos num tubo que fazia a ligação entre o avião e o salão do aeroporto, nesse caminho já dava pra sentir a diferença de temperatura entre os 21 °C de dentro do avião e os 10 °C do lado de fora. Nessa descida, meu colega Rafael Lindoso fez uma colocação nada feliz de um típico nordestino acostumado com temperaturas médias de 32°C.
- Caramba, o ar condicionado aqui nesse aeroporto é potente.
- Rafael, essa é a temperatura aqui na Argentina agora, não é ar condicionado.
- Tu é louco? Isso é o ar condicionado do aeroporto.
Entramos no salão de desembarque e fomos direto para a porta do aeroporto, deixamos as malas e mochilas e fui procurar um caixa para realizarmos nosso primeiro saque de dinheiro em território estrangeiro. Engraçado, eu perdia 2,5 dólares de imposto por saque realizado. Eu percebi isso quando saquei duas vezes e percebi que tinha perdido quase vinte reais do dinheiro que estava na minha conta. Retorno ao aeroporto e a essa altura todos percebem que não tinha ar condicionado no aeroporto era na verdade um aquecedor, do lado de fora do aeroporto era que estava realmente frio. De táxi fomos até um albergue, acertado as contas e demos uma volta na vizinhança para nos familiarizarmos com o bairro Palermo. Ronny Barros decide ir com sua camisa do São Paulo Futebol Clube, no fim do dia com a temperatura já bem baixa, Ronny treme mais que vara verde, implorando o tempo todo para voltarmos para o albergue pois estava morrendo de frio, quase congelando. Voltamos para o albergue, banho quente, aquecedor ligado no quarto, noite tranqüila. Amanhece o dia:
- Vamos conhecer Buenos Aires ????
- Na hora.
Após tomar um café da manhã bastante reforçado, pegamos um mapa da cidade com os principais pontos turísticos da cidade, vimos que o metrô seria a opção mais viável, pois era barato e rápido. Pra quem nunca foi a Buenos Aires, o sistema de metrô da cidade, inaugurado em 1913, é o mais antigo da América Latina e de todo o Hemisfério Sul, você pode conhecer os quatro cantos da cidade pagando em média o equivalente a menos de cinco reais. Pois cada viajem custa apenas alguns centavos, sabendo disso e que cada saque realizado pagávamos 2,5 dólares de imposto, eu resolvi sacar todo o dinheiro que eu tinha na minha conta. Saque realizado, dinheiro na carteira, partimos para o metrô que na Argentina chama-se “subte”. O metrô de Buenos Aires é impressionante, é possível encontrar em suas instalações pinturas e murais originais e reproduções de diversos artistas alem de apresentações de música ao vivo. Nas escavações dos túneis, foram encontrados restos de mamute, mastodonto e de gliptodontes (mamífero extinto, membro da ordem Xenarthra ancestral dos atuais tatus, media cerca de 3 metros de comprimento e pesava cerca de 1,4 toneladas, sendo equivalente em forma e tamanho a um Volkswagen Fusca) todos estes restos de animais pré-históricos estão expostos na estação Juramento e na estação do Tronador. A Grande Buenos Aires é a terceira maior aglomeração urbana da América Latina, com uma população de mais de 13 milhões de habitantes e entre tantos argentinos, um malandro ou malandra, eu não sei quem foi, mete a mão no bolso da minha calça e leva minha carteira, com uma destreza e agilidade que impressionaria qualquer marginal da praça da Sé em São Paulo. Eu simplesmente não senti nada, pelo menos nos dois minutos que se passaram entre uma estação e outra. Ou melhor, eu senti muito foi depois, ao perceber que não tinha carteira e junto com a carteira foi embora, todo o meu dinheiro, meu cartão da caixa econômica, o outro cartão do Banco do Brasil, todos os meus documentos (identidade, CPF, Reservista), minha carteira de doador de sangue da Hemomar, minha carteira de alberguista e minha carteira de estudante.
- Ei pessoal, roubaram minha carteira.
O desespero toma conta do pessoal e eu não sei por que nessa hora, comecei a sorrir. E pensei: “ no final vai dar tudo certo”. Fomos à polícia do metrô, tentativa em vão, eles me orientaram a procurar a polícia federal, enquanto um policial argentino me explicava como eu deveria proceder, um colega dele também policial fazia boca de riso. O que será que este argentino pensou nessa hora? “Se fudeu brasileiro, hahahahaahah” devia ser algo do tipo. Na polícia federal também não foi diferente, ou melhor, foi pior.
- Buenos dias.
- Buenos.
- Eu vim prestar uma ocorrência de roubo, eu fui assaltado no metrô.
- São 10 pesos senhor, pra registrar uma ocorrência.
- O que? 10 pesos? Mais eu fui assaltado e levaram todo o meu dinheiro.
- Eu lamento senhor.
Da para acreditar numa coisa dessas? Eu pensei que era um argentino querendo se dar bem em cima de uma desgraça de um brasileiro, mais nessa hora chegou um argentino que também estava La por que tinha acabado de ser assaltado e o policial diz:
- São 10 pesos senhor, pra registrar uma ocorrência.
Nessa hora pude acreditar no inacreditável, para minha sorte, meus amigos me emprestaram dinheiro e registrei a ocorrência, de lá fui até a embaixada brasileira na argentina e mostrei a ocorrência, isso era necessário para poder tirar um documento para sair da Argentina. O pior que não bastava apenas o registro da ocorrência, nessas situações, você tem que ter mais duas testemunhas que conhece onde você mora, para minha sorte, eu andava com minha namorada (Mayra Nina) e meus colegas (Ronny Barros e Flavinha). E se eu estivesse andando na cidade sozinho e acontecesse isso? Não quero nem imaginar uma situação dessas, ou quem já passou por isso. Depois de passar alguns dias Argentina vivenciando uma outra cultura e uma outra moeda, posso dizer que agora eu sou um poeta vendo um homem a caminhar e digo que: “O lar de um passarinho é o NINHO e não o ar” e eu voltei... para o meu bom e maravilhoso Brasil.

5 comentários:

  1. Pobre Emílio, essa história é um clássico das viagens internacionais, já tava em perguntando quando você contaria essa...

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  2. shuahsuahshasuahsuashuahs.....se algum dia eu for para lá já sei tem sempre que levar alguém conhecido comigo...valeu emilio, compartilhar suas experiencias é bem útil. ^^

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  3. Cara, tu te mete em cada situação heim?

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  4. Com certeza, andar em outro país é sempre bom ir com mais alguem. Vai que tenha um metrô parecido com o que eu peguei? rs

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  5. kkkkkkkkk

    Bela narrativa!!!

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