Cinco anos, tenho cinco anos de vida no mundo da docência, cinco anos de sala de aula, diários, provas, textos, recuperação, aprovação, reprovação, pincel, madrugadas mal dormidas, correria, salários atrasados, salários em dia, demissão, pedidos de desculpas, amigos, amigas, pessoas incríveis, pessoas nojentas, pessoas comuns, pessoas... O mundo da docência é um dos lugares onde mais se aprender as regras de convivência, em nenhum lugar você é afetado ou afeta diferentes universos como essa profissão, em média são quarenta universos diferentes em cada sala de aula, cada um com seus astros, estrelas, constelações e galáxias. Cada aluno carrega consigo uma personalidade que muitas vezes é o professor que acaba “influenciando” na fórmula final. Isso nos leva a ter bastante cuidado com o que dizemos e o que fazemos dentro e fora das quatro paredes que aprisionam momentaneamente todos aqueles universos infinitos que são as mentes dos nossos alunos. Quem vive nesse mundo tem dois sentimentos, quer passar o resto da vida participando, ajudando a construir e conhecendo universos diferentes, afetando e sendo afetado por eles ou quer de todas as formas um emprego que ganhe melhor e que não tenha tanto “estresse”. Eu sou dos que sempre vou estar disposto a conhecer universos diferentes do meu, e da melhor forma, tentar contribuir para as descobertas de mais e mais galáxias nas mentes dos meus alunos. No entanto, independente do lado que você esteja, uma coisa nunca vai mudar... os bastidores da educação, mais precisamente os bastidores da sala de aula. Em todas as salas de professores que eu freqüentei nas ultimas sete escolas que trabalhei sempre ouvi:
“Eu não agüento mais aquela turma”
“Como é fulano de tal em tua aula? Aquele menino ta pra me deixar doida, é terrível”
“Olha quero falar com os pais dele por que não tem a menor condição de eu continuar dando aula com fulano de tal lá”
“Aquele menino ta ferrado comigo”
“Eu não to nem ai pra essas porras”
“Tu já viu as roupas dessas meninas, Ave Maria. Será se os pais delas sabem que elas andam assim?”
...
Nos últimos cinco anos, apenas uma vez, somente uma vez eu ouvi uma professora fazer o seguinte comentário:
“Professores, eu pedi para os alunos da 8º série para elaborarem um texto sobre o que eles queriam mudar em nossas aulas e eu fiquei horrorizada, olha o que os alunos escreveram”
Essa professora então começa a ler texto por texto e mostrando o que os alunos queriam de cada professor, em que eles poderiam melhorar, ao final do texto ouvi um silêncio e a sirene da escola tocou e todos se levantaram e nunca mais se comentou nada a respeito. Até quando os professores irão ficar em silêncio? Ou melhor, por que quando professores falam de alunos, nunca falam das coisas boas que alguns alunos fazem? Essa é única coisa ruim nessa profissão, pelo menos na minha opinião.
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