sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Era uma vez...




Há muito tempo, nas brumas do passado, nos dias de glória do Império Galáctico, a vida era selvagem, exuberante e livre de impostos. Grandes espaçonaves navegavam entre sóis exóticos, em busca de aventuras e riquezas nos mais remotos confins do espaço galáctico. Naqueles tempos, os espíritos eram bravos, as apostas eram altas, os homens eram homens de verdade, as mulheres eram mulheres de verdade e as criaturinhas peludas de Alfa do Centauro eram criaturinhas peludas de Alfa do Centauro de verdade. Assim foi forjado o Império.

Naturalmente, muitos homens enriqueceram enormemente, mais isso era natural e não era problema nenhum, pois ninguém era realmente pobre – pelo menos ninguém importante. E para todos os mercados mais ricos, como era inevitável, a vida tornou-se um tanto tendiosa e insatisfatória, levando-os a pensar que isso era devido as limitações dos mundos em que eles haviam se estabelecido – nenhum deles era inteiramente satisfatório. Ou o clima não era muito bom no final da tarde, ou o dia era meia hora mais comprido do que deveria ser, ou o oceano era precisamente da tonalidade errada de rosa.

Assim, surgiram circunstâncias favoráveis ao nascimento de uma espetacular indústria: A CONSTRUÇÃO DE PLANETAS DE LUXO SOB MEDIDA. A sede dessa indústria era o planeta Magrathea, cujos engenheiros hiperespaciais drenavam a matéria por buracos brancos no espaço para transforma-la em planetas de sonho – planetas de ouro, planetas de platina, planetas de borracha macia cheios de terremotos, todos eles encantadoramente feitos segundo as mais detalhadas especificações determinadas pelos homens mais ricos da Galáxia.

Mais tamanho foi o sucesso dessa indústria que o próprio planeta Magrathea logo se tornou o planeta mais rico de todos os tempos e o resto da Galáxia ficou reduzido à mais negra miséria . assim, o sistema entrou em colapso, o Império entrou em colapso, e um logo período de silêncio submergiu um bilhão de mundos famintos, um silêncio perturbador apenas pelos ruídos das canetas dos estudiosos, que passavam suas noites em claro elaborando pequenos tratados confiantes em que defendiam o valor de uma economia política planejada.

Magrathea desapareceu e logo se transformou numa lenda obscura...

2 comentários:

  1. um planeta sem desigualdade, nem nas fabulas sempre exitem potencias que lideram, e mas algumas vão a declinio pois não suportam controlar-se. boa historia elemento.

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  2. VAleu elemento, tu ta certinho.

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