quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Algumas coisas mudam


As coisas mudam, muita gente diz isso logo após uma derrota no sentido de reverter à situação, mais as coisas e os valores acabam mudando naturalmente, pelo menos alguns. Quem viveu os anos 80 e 90 e chegou aos dias de hoje pode perceber o quanto isso acontece, eu sou de uma geração que agradecia falando “obrigado”, hoje em dia foi substituída por “valeu”. Quando nos deparávamos com uma situação ruim, dizíamos que era “complicado”, nos dias de hoje é “foda”. E os nossos idosos? Que antes eram “coroa” e viraram “véi”? A “danceteria” nos fins de semana virou “boate”. Minha adolescência existia duas danceterias que disputavam a juventude: Broadway e Flyback, na cidade de Imperatriz. Nessa época acontecia muita coisa nos “bastidores” que hoje em dia virou “making off” , gostávamos de ver as meninas com a “calça cocota” que seria a “calça cintura baixa” e algumas delas nos “paquerava” que é a mesma coisa de “dar mole”. Chegávamos perto das meninas e falávamos: “oi, olá, como vai?” já nas boates de hoje em dia dizemos: “e aê?”. Depois de alguns minutos às vezes surgia o, “posso te ligar” que a geração de hoje pergunta: “qual teu msn?” até que chegava a hora de “ir embora” da “festa” que ninguém mais vai embora de lugar nenhum, hoje as pessoas “vazam” da “balada” . Sem falar que para sairmos de casa precisávamos da autorização de nossos pais tipo: “mãe, posso ir?” já os jovens de hoje simplesmente dizem: “veia, fui!”. Vestíamos nossas melhores roupas e às vezes algum amigo se vestia meio “cafona” que na linguagem de hoje se transformou em “brega” e se alguém estava vestido igual a outro era uma “cópia” que hoje em dia é chamada de “genérico”. Outros se vestiam “bacana” que foi substituído por “manero”, no meio da noite quando cometíamos algum erro pedíamos “desculpas” que hoje ouvimos um “foi mal” a noite terminava e voltávamos pra casa, com o passar dos dias, depois de muita atividade batia um “cansaço”, engraçado que ninguém mais fica cansado hoje em dia, as pessoas nos dias atuais ficam “estressadas”. Nessa época eu estudava o “segundo grau”, que não existe mais, hoje os alunos estudam no “ensino médio” e quando conversávamos no “recreio” que agora se chama “intervalo”, nossos “colegas” que agora são nossos “chegados” alertávamos sobre algo falando: “presta atenção” que na atualidade virou “se liga”. O “radinho de pilhas” foi substituído pelo “ipod”, a “máquina fotográfica” que tirava “retrato” ficou obsoleta graças ao surgimento da “câmera digital” que tira “foto”. A “fofoca” que surgia no bairro virou “babado” sobre alguém de “corpo atlético” por exemplo, que ninguém mais tem esse tipo de corpo, hoje as pessoas são “saradas” que na época algumas pessoas que não tinha esse tipo de corpo, tinha “banha”, hoje temos “gordura localizada”. A “peituda” sumiu e deu lugar a “siliconada” a “bunduda” virou “popozuda”e o “alisamento” foi substituído pela “chapinha” até a doença “lepra” foi erradicada, no lugar dela surgiu a “hanseníase” e ninguém mais morre de “derrame”, morre de “AVC”. O “namoro” virou “pegação”, o famoso “amorrrrrrr” foi esquecido e agora é dito: “ benhhêêê! e quando sabíamos de algo e não acreditávamos, perguntávamos: “você tem certeza?” que na geração de hoje é dito: “ah! Fala sério.” Chamar de “negro” também não pode mais, por que pode gerar processo, o termo agora é “afro-descendente” realmente quando eu começo a pensar em tudo isso, e vejo as mudanças acontecendo, lembro-me do ano de 2001 onde eu morava sozinho na travessa da Camboa em São Luís, era apenas um estudante de pré-vestibular as 20:00 da noite estudando ligações covalentes quando a mangueira do botijão de gás se rompeu e começou a vazar gás com muita pressão. Ao sentir o cheiro do gás, eu pensei:


“Caramba, se o gás chegar até a lâmpada, pode ter um curto e esse gás inteiro vai incendiar, a casa vai pegar fogo!!!”


Imediatamente eu me levanto e saio desligando todas as luzes da casa, e o cheiro do gás começa a ficar cada vez mais forte, então eu tive a idéia de abri todas as janelas da casa, pois essa casa ficava em uma esquina. Ao abri a ultima janela, percebi que tinha alguns maconheiros fumando maconha e nessa hora eu disse:


- Ei galera, estourou uma mangueira de gás do botijão aqui de casa e acho que se o gás chegar ao cigarro de vocês vai ter uma explosão aqui.
- Caralho doido, sai dessa casa ai mermão.
- Eu vou só ligar pros bombeiros.


Pego o telefone e disco 193, relato o ocorrido e sai de casa de bermuda, sem camisa e descalço. Posiciono-me do outro lado da rua, a essa altura a notícia se espalhou rapidamente devido ao pânico dos maconheiros e muitas pessoas se aglomeram perto da minha casa na expectativa de ver aquelas explosões que sempre vemos em filmes de ação. Ficamos todos olhando pra casa ouvindo o barulho do gás sair em grande pressão, até que um morador de frente olha pra mim e diz:


- Rapaz, e tu não vai tirar nada de valor de dentro da casa?
- Caramba, é mesmo.


Saio correndo e entro na casa, minutos depois as pessoas me vem saindo com dois estojos de guarda cd´s, um em cada mão. Estava comigo a salvo a coleção inteira do Pink floyd na mão esquerda e a discografia quase completa do Raul Seixas na mão direita, eu nunca tive o disco ao vivo do Raul Seixas, mais tinha todos os outros. Atravesso a rua e todos me olham e perguntam:


- Que diabo é isso?
- É o que eu tenho de valor na casa.
- O quem na casa de valor é um monte de CD´s?


Nessa hora um monte de pessoas começaram a sorrir, até que eu me dei conta da merda que eu tinha feito, eu tinha coisa de valor na casa, realmente e sai mais uma vez para dentro da casa cheia de gás, as pessoas ficaram do lado de fora sorrindo e da pra ter uma idéia sobre o que estavam pensando. Minutos depois eu saio da casa com um monte de livros e apostilas e novamente me perguntam:


- Que porra é essa?
- Meus livros e apostilas, se isso aqui pegar fogo, como eu vou estudar pro vestibular?


Em poucos minutos os bombeiros chegaram e fez todos os procedimentos cabíveis e la por volta das 22:00h eles foram embora, o gás foi dissipado a população foi embora frustrada por não ter visto a explosão e o que eu tinha de valor nessa noite estava a salvo, minhas apostilas do cursinho pré-vestibular, meus livros, e as duas coleções de CD´s, a do Raul Seixas e a do Pink Floyd. Hoje em dia, provavelmente se eu tiver em uma casa e essa casa estiver a ponto de explodir minha reação será totalmente diferente, isso eu tenho certeza. Alguns valores mudam.

7 comentários:

  1. kkkkkkkkkkk só tu mesmo elemento.
    hoje em dia tu ia salvar oq? tua moto? teu carro?
    quero ver se essa mudança foi pra melhor ou pior. kkkkkkkk
    falow!

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  2. Sinceramente falando, eu iria salvar minha coleção de gibis do Homem-aranha. O resto a vida e meu esforço ficava se encarregada de me proporcionar novamente. rs

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  3. Randolfo, a mudança foi pra melhor ou pra pior?? rsrs

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  4. kkkkkkkkkkkkkkkk
    precisa responder?
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  5. Carro e moto tem os montes pra vender, os gibis do Homem-aranha da uma trabalhão pra encontra.

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  6. porra emilio! essa ai tem que ir para o arquivo x! kkkkkkk....
    falando nisso:
    1- tu tem o dvd do pink floyd "The Wall(1979)" ???
    2- E sobre os gibis, tu tem algumas da saga "teia do aranha"?
    3- esse "detritos putrefatos gliscoidico" do raul seixas eu não curto!!! Sou meio ideologista em relação a esse elemento ai!
    abraços!!!

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  7. Esse DVD ai do Pink Floyd eu não tenho não Márcio e sobre os gibis da teia do aranha eu tenho sim.

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